“The Franchise” atira a audiência para o meio das filmagens de um filme da saga fantástica “Tecto”, produzido pelos estúdios fictícios Maximum Studios. O argumento é de Jon Brown com realização de Sam Mendes e produção executiva de Armando Iannucci.
“Quando eu cresci a fazer filmes, o modelo perfeito era um filme com princípio, meio e fim”, afirmou Sam Mendes numa conferência de imprensa de lançamento da série, em que a Lusa participou. “E agora o modelo é um filme com princípio, meio e outro princípio, porque nunca acaba. Há um fluxo constante de tributos, ‘spin-offs’, séries de televisão, todos interconectados, um multiverso”, apontou.
A ideia para “The Franchise” surgiu numa conversa em que Mendes contou a Iannucci uma série de histórias engraçadas do que viveu ao filmar “Skyfall” (2012) e “Spectre” (2015) da saga James Bond.
“Ele contou-me uma história de ter de assistir à revelação de um novo carro Bond”, disse Iannucci. “E pensar porque é que estava a fazer aquilo. [Se] Fez Shakespeare, ganhou um Óscar, porque estava a fazer aquilo?”, interrogou-se.
O dilema é explorado na comédia por vários lados: o realizador artístico que não quer a sua visão adulterada, o estúdio que exige mudanças comerciais, o ator sério que detesta o ator bonitão, a assistente incrédula, o produtor à beira de um ataque de nervos, os atores exaustos com três horas de maquilhagem em cima.
Mendes, no entanto, não quis criar uma sátira avulsa que apenas critica a existência destas sequelas, prequelas e trilogias com várias fases.
“Há o argumento que, se estes filmes não existissem, os cinemas fechavam completamente”, apontou. “Há muitos ecrãs de cinema que não teriam nada para passar. Penso que o perigo é minimizar os ‘franchises’ e dizer que são maus, mas a verdade é que eles são a razão pela qual as pessoas vão ao cinema neste momento”.
Mendes apontou que é “perfeitamente possível” fazer bons filmes destes, como “Batman — O Cavaleiro das Trevas” ou “Black Panther”, e que é importante não dividir a indústria em duas categorias redutoras, ou filmes sérios ou filmes de franquias.
“O desejo agora é que a audiência tenha um diálogo constante com a narrativa e os filmes querem refletir a experiência que as pessoas têm em casa”, apontou Mendes. Por exemplo, a audiência desenvolveu uma relação de anos com séries como “Os Sopranos” e “A Guerra dos Tronos”, e os estúdios querem o mesmo com filmes.
“Mas a pressão está sobre os cineastas para fazerem os filmes valer a pena e obrigarem-nos a usar toda a fanfarra do grande ecrã. Esse é o problema”.
O ‘showrunner’ e argumentista Jon Brown explicou que um dos objetivos da série é perceber porque é que estes filmes são como são, mostrando a experiência de pessoas que dão por si metidas nestas grandes máquinas de Hollywood.
“Queríamos uma série sobre artistas que sabem o que estão a fazer, que são bons. A tragédia é que estão a fazer estes filmes, que são os únicos que podem fazer. E por isso estão encurralados”, disse Brown. “É o sistema que é disfuncional, não os indivíduos”, concluiu.
O ator espanhol e alemão Daniel Brühl, que interpreta o realizador Eric, inspirou-se na sua própria experiência para montar o personagem, depois de ter participado num projeto que caracterizou como desastroso. “É muito verídico, surpreendentemente”, comparou.
O elenco, que tem em Richard E. Grant a sua maior estrela, conta ainda com Himesh Patel, Aya Cash, Darren Goldstein, Billy Magnussen, Isaac Powell e Jessica Hynes.
Sam Mendes elogiou a química entre eles e disse que filmar foi uma delícia semanal, que o fez “rir às gargalhadas muitas vezes” durante a pós-produção.
“The Franchise” tem oito episódios de meia hora e estreia-se a 07 de outubro na Max, com um novo episódio por semana até 25 de novembro.
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