"Ao longo destes últimos 11 meses estudámos vários cenários e discutimos em grupos de trabalho, com as autoridades competentes, diferentes medidas que permitissem" concretizar o festival. Porém, "chegada a data limite para iniciarmos as montagens da Cidade do Rock, encontramo-nos ainda (...) em estado de emergência e sem garantias de que, em junho, estejam reunidas as condições" para concretizar o modelo original do festival, adianta o comunicado assinado pela vice-presidente do Rock in Rio, Roberta Medina.
"Nesse sentido, e porque a saúde e segurança do público são a nossa principal preocupação, adiamos a 9.ª edição do Rock in Rio Lisboa para o próximo ano, mais concretamente para os dias 18, 19, 25 e 26 de junho de 2022", concretiza a mensagem.
A 9.ª edição do Rock in Rio Lisboa esteve inicialmente prevista para os dias 20, 21, 27 e 28 de junho de 2020, mas foi adiada, pela primeira vez, em abril do ano passado, para os dias 19, 20, 26 e 27 de junho deste ano, após o decreto do primeiro estado de emergência de resposta à covid-19. Na altura, a organização garantia igualmente a realização da edição de 2022, do festival.
Hoje Roberta Medina escreve que, "por esta altura", a organização estaria "a preparar a entrada de materiais e fornecedores no Parque da Bela Vista [em Lisboa], para dar início à construção de mais uma Cidade do Rock", envolvendo "diretamente mais de 17.600 pessoas e mais de 370 empresas que trabalham para fazer o festival acontecer".
"Por esta altura estaríamos a todo o vapor a preparar mais uma edição do Rock in Rio Lisboa", estimando a responsável que a iniciativa atrairia 20 mil turistas e geraria um impacto positivo para a economia superior a 70 milhões de euros.
O anúncio do adiamento do Rock in Rio Lisboa acontece dois dias depois de o festival Primavera Sound, no Porto, ter também adiado, por mais um ano, a edição inicialmente prevista para junho de 2020.
"Também nós sonhámos com um 2021 mais livre e continuamos a acreditar que, este verão, ainda poderemos sair à rua de mãos dadas. Mas para isso não podemos relaxar já", prossegue Roberta Medina.
"É preciso um último esforço, para que seja possível à Cultura (setor que representa 4,4% do PIB da União Europeia) exercer um dos seus papéis mais importantes: além de revitalizar as pessoas, [cumprir-se como] um dos pilares fundamentais para a retoma do Turismo", insiste a responsável do festival.
"Quando voltarmos a abrir as portas da Cidade do Rock, quatro anos terão passado desde a última edição, e três anos desde a festa épica na Torre de Belém. Se há uma coisa que podemos garantir neste clima de incerteza, é que a espera vai valer a pena", assegura Roberta Medina.
O Rock in Rio Lisboa realiza-se de dois em dois anos, desde 2004, no Parque da Bela Vista, em Lisboa, onde é montada a Cidade do Rock.
Para a 9.ª edição estavam confirmadas, entre outras, as participações dos Foo Fighters, The National, The Black Eyed Peas, Post Malone, Duran Duran, Anitta, A-ha e Bush.
Os bilhetes já adquiridos para o festival "mantêm-se automaticamente válidos para a próxima edição", garante o festival.
"Em breve partilharemos mais informações dirigidas aos portadores de bilhetes, assim como novidades relativas ao cartaz", conclui Roberta Medina.
O Primavera Sound, que se realiza anualmente no Porto, foi o primeiro festival a anunciar o adiamento da edição deste ano, tanto em Portugal como em Barcelona, onde surgiu.
Em Portugal, há vários festivais de música programados a partir de junho, entre os quais o Alive (julho), em Oeiras, o Super Bock Super Rock (julho), em Sesimbra, o Sudoeste (agosto), em Odemira, e o Paredes de Coura (agosto), no distrito de Viana do Castelo, mas os promotores querem saber em que condições os poderão realizar.
Em janeiro, associações representativas do setor iniciaram reuniões, com a tutela da Cultura, e a presença da Direção-Geral da Saúde, em busca de soluções para retomar a atividade após o confinamento.
O grupo de trabalho criado para analisar a retoma da atividade volta a reunir-se na sexta-feira.
O verão do ano passado decorreu sem os habituais festivais, estimando a Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest) uma perda de cerca de 1,6 mil milhões de euros, contra os dois mil milhões originados em 2019.
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