O Wool + vai permitir incluir, em abril, recursos de acessibilidade em três murais da cidade, como comunicação aumentativa, braille, réplicas tácteis, audiodescrição e língua gestual portuguesa, embora o objetivo da organização seja, “sempre que possível, ir adicionando esses recursos” ao longo do tempo, explicou Lara Seixo Rodrigues, na conferência de imprensa de apresentação do projeto.
Segundo a responsável, trata-se de equipamento dispendioso, mas acrescentou que a ambição é ter essas ferramentas de comunicação em todos os murais da Covilhã, onde existem peças de grande dimensão em 46 paredes e mais de vinte em formato mais pequeno.
Lara Seixo Rodrigues referiu que a ideia de tornar mais acessível a arte de rua, com a inclusão de meios que facilitam o acesso à arte de pessoas com deficiência física ou intelectual, “é algo pioneiro não só em Portugal, como internacionalmente”.
A primeira fase do Wool + já começou, com a colaboração entre 15 utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) da Covilhã, alunos de Artes da Escola Secundária Campos Melo e o artista Mantraste, numa residência artística.
Estão previstas sessões semanais, de que vai resultar a criação de um painel em azulejo, a instalar numa rua do centro da cidade, e que será um dos três primeiros com dispositivos que facilitam a sua interpretação a públicos com deficiência.
“A Covilhã é exemplo de que a arte urbana tem este potencial de transformação único, de envolvimento, tem uma naturalidade que permite o diálogo com qualquer público”, salientou Lara Seixo Rodrigues, uma das fundadoras do Wool.
Para a também curadora, o Wool + é um projeto “muito desafiante” e é “complexo e ambicioso”.
O vereador com o pelouro do Turismo na Câmara da Covilhã, José Oliveira, enfatizou que o Wool é olhado pelo município como uma “aposta estratégia” do ponto de vista turístico, de valorização do centro histórico da cidade, e destacou o papel “pioneiro” entre os festivais de arte urbana, que volta a repetir com este projeto paralelo.
“Tem havido sempre uma capacidade de acrescentar valor”, sublinhou o vereador, que elogiou esta vertente para tornar o Festival de Arte Urbana da Covilhã “mais integrador e mais inclusivo”.
Perante o desafio da organização para a aquisição de uma cadeira de rodas todo-o-terreno, que permita a pessoas com mobilidade reduzida vencer a orografia da cidade e visitar o Roteiro de Arte Urbana, José Oliveira respondeu: “Porque não dar esse primeiro passo?”.
A residência artística, que tem como parceiro também o Museu do Azulejo, decorre até março e, entre 19 e 21 de abril, é inaugurado o mural, há visitas guiadas, decorrem oficinas e realiza-se um concerto com os 5.ª Punkada, banda formada por utentes da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra.
Entre 13 e 27 de junho é apresentada a exposição fotográfica de Miguel Oliveira sobre o processo da residência artística e a estreia de um filme documental da autoria de Vasco Mendes.
A organização referiu que o anúncio foi feito numa data em que se assinalam os 75 anos da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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