O Renascimento de “Daredevil”

Imaginem um advogado cego que, ao invés de confiar em assistentes ou bengalas, prefere vestir um traje vermelho e combater o crime à noite. É a essência da história do herói da Marvel “Daredevil”, que depois de uma adaptação menos popular ao cinema com Ben Affleck, ganhou fama no formato de série com a Netflix. Dramas corporativos levaram a que a personagem abandonasse o serviço de streaming e que ficasse nas mãos da Disney o seu destino. Houve uma breve aparição num dos filmes do Homem-Aranha e um rápido “olá” em duas séries da Disney+, só para mostrar aos fãs que Matt Murdock não estava esquecido.

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Em Daredevil: Born Again, que esta semana estreou com dois episódios, o herói está oficialmente de volta, mas não exatamente como o deixámos: há personagens que dizem adeus, e a vida nas ruas do crime de Nova Iorque ganha uma camada mais política e vemos Murdock (Charlie Cox)enfrentando dilemas modernos, como a candidatura de Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) a Mayor de Nova Iorque. A narrativa mantém o tom intenso e emocional, aprofundando a dicotomia entre a vida de Murdock como advogado e como super-herói, mas não é (nem podia ser) a mesma série. Podemos dizer que tínhamos saudades e que até agora as expectativas não foram defraudadas.

O melhor reality show da Netflix é “Formula 1: Drive to Survive”

Se achas que a Fórmula 1 é só carros rápidos e ultrapassagens, a nova temporada de F1: Drive to Survive vem (mais uma vez) provar que o verdadeiro espetáculo acontece fora da pista. Desta vez, a Netflix mergulha nos bastidores de uma das temporadas mais caóticas da F1, com disputas acesas, pilotos à beira de um ataque de nervos e chefes de equipa a trocarem farpas como se estivessem num reality show milionário.

McLaren, Red Bull, Ferrari e Mercedes fizeram parte de um dos campeonatos mais competitivos de sempre em termos de equipas (Verstappen vs Norris não teve tanto suspense), enquanto os outros construtores e pilotos mais secundários tentaram provar que merecem um lugar na grelha de corrida. Entre rádios explosivos, estratégias que deram errado e um paddock onde o drama é tão constante quanto os pit stops, esta temporada promete momentos dignos de cinema – com a Netflix, claro, a dar aquele toque de drama que pode (ou não) ter mesmo acontecido daquela forma.

Bong Joon-ho vai surpreender novamente com Mickey 17?

No filme que chegou esta semana às salas de cinema portuguesas, Robert Pattinson interpreta Mickey Barnes, um "funcionário descartável" numa missão espacial para colonizar um planeta gelado. Mas há um detalhe: sempre que Mickey morre, um novo clone é criado com todas as suas memórias intactas. Ou seja, o seguro de vida dele é basicamente um botão de reset. Dirigido pelo realizador coreano Bong Joon-ho (Parasitas), o filme mistura ficção científica com humor negro e uma boa dose de existencialismo.

O problema-chave começa quando Mickey descobre que a sua última versão não foi completamente descartada e que agora existem dois Mickeys, cada um tentando provar que é o original. Entre dilemas morais, conspirações e um patrão que claramente não se importa com recursos humanos, Mickey vai perceber que ser imortal não significa ter uma vida fácil. Com visuais impressionantes, muita sátira e aquela camada filosófica que só Bong Joon-ho sabe entregar, Mickey 17 promete uma viagem intergaláctica cheia de surpresas – e, possivelmente, uns quantos Mickeys a mais do que o necessário.