A produção, construída como uma colagem de imagens, narra a difícil vida da nadadora americana Lidia Yuknavitch, sobrevivente de abusos durante a infância, que escreveu na sua autobiografia.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

Stewart lutou por anos para conseguir realizar o projeto após constatar que os produtores consideravam o tema "realmente desinteressante". "Não me considero parte da indústria do entretenimento", diz a estrela da saga "Crepúsculo".

A realizadora conta ter ficado obcecada pela história e pelos relatos de Yuknavitch durante muito tempo.

"Eu simplesmente nunca tinha lido um livro assim, que grita para ser um filme, que precisa ser uma coisa viva", disse à AFP.

O fato de Yuknavitch ter sido "capaz de enfrentar coisas realmente feias, processá-las e oferecer algo com que se possa viver, algo que realmente tenha alegria" é inspirador, acrescentou.

O filme recebeu boas críticas da imprensa especializada, como Variety e The Hollywood Reporter.

"Salva-vidas"

"A razão pela qual, realmente, queria fazer o filme é porque achei hilariante, de uma forma eufórica e empolgada, como se estivéssemos a contar segredos. Acho que o livro é um verdadeiro salva-vidas", disse Stewart, que também escreveu o guião.

"Ser mulher é uma experiência realmente violenta (...) mesmo que não tenha o tipo de experiência extrema que mostramos no filme ou que Lidia suportou e escapou lindamente", considerou a realizadora.

Stewart insistiu que não havia paralelos entre a sua vida e o livro. "Não preciso de ter sido abusada pelo meu pai para entender como é ter algo tirado de nós, ter a voz silenciada e não confiar em si mesma. São necessários muitos anos para que isso desapareça. Acho que esse filme ressoa em qualquer pessoa que esteja aberta e sangrando, o que representa 50% da população".

A cineasta disse aos repórteres que nunca se sentiu tentada a interpretar Yuknavitch.

Para o papel principal, escalou a atriz britânica Imogen Poots, que considera "a melhor atriz de nossa geração. É tão exuberante, bonita e realmente se abriu para este filme".

O elenco também é composto por Earl Cave, filho do cantor Nick Cave, como o primeiro marido da nadadora e Kim Gordon, da banda de rock Sonic Youth, como uma dominadora.

A energia onírica em sua produção é como "um músculo rosa pulsante", que Poots conseguiu capturar, canalizando a luta feroz, mas muitas vezes caótica, de Yuknavitch para se reconstruir e encontrar prazer e felicidade na sua vida.

O livro da nadadora "medita sobre o que a arte pode fazer por si depois das pessoas fazem coisas com o seu corpo - a violação e o roubo do desejo. O que é uma experiência muito feminina", segundo a própria.

"Somente as histórias que contamos a nós mesmas, mantêm-nos vivas", afirmou.

Para Stewart, Yuknavitch descobriu que a única forma de recuperar o desejo era "personalizá-lo... e reutilizar as coisas que lhe foram dadas para torná-las suas".

"Não estou a ser dramática, mas, como mulheres, somos segredos ambulantes", concluiu.