“A instalação explora esta ideia de contar uma história sobre cuidar e ser cuidador e como isso pode alterar diferentes sistemas políticos ou religiosos ou a mitologia e foca-se no episódio do salvamento de 12 crianças e do seu treinador de futebol, que ficaram presos numa gruta na Tailândia em 2018, explorando diferentes facetas desse caso”, explicou à Lusa Alex Gvojic, diretor de fotografia em Nova Iorque especializado no cruzamento interdisciplinar das artes plásticas, moda e música.
Em “No History in a room filled with people with funny names 5”, o espectador é convidado a entrar numa espécie de gruta em ambiente noturno e sombrio, pisando um chão coberto de terra misturada com conchas e ramos, onde se pode ver uma tripla projeção vídeo, conjugada com raios laser verdes emitidos a partir de uma escultura que sugere uma figura humana morta.
Esta é a primeira exposição em Portugal do artista tailandês Korakrit Arunanondchai, que não pôde estar presente hoje devido às limitações de viagem da pandemia de covid-19, tratando-se de um criador que se move entre os campos do vídeo, da performance, da escultura e da instalação e que se divide entre a cultura oriental, do seu país de origem, e a cultural ocidental, em particular a dos EUA, onde tem vivido nos últimos anos.
Tal como noutras obras de Korakrit Arunanondchai, também na exposição “No history in a room filled with people with funny names 5" (2019) há a participação de amigos e familiares, conta por seu turno o curador da exposição e diretor artístico do Museu de Serralves, Philippe Vergne, destacando a presença importante do coelho, animal que abre a exposição e está presente em várias situações dos três vídeos exibidos.
Nesta exposição, que alia à ancestralidade, mitos e crenças os factos da história mais recente da Tailândia, bem como problemas ecológicos e extinção de espécies animais, há também destaque para a Naga, serpente da mitologia budista, e para a artista Boychild, que desenvolve trabalho nas áreas da performance e da dança e que participa também neste trabalho de vídeo do artista tailandês com várias coreografias.
“O artista reflete sobre a vida contemporânea e a situação da humanidade no tempo da tecnologia, especulando sobre as consequências do Antropoceno, a era recentemente definida e que marca o efeito da atividade humana enquanto força ambiental dominante no planeta, capaz de alterar a sua composição geológica”, lê-se na nota de imprensa entregue à comunicação social.
A obra exposta em Serralves, encomendada pelo Centre d’Art Contemporain Genève para a Biennale of Moving Image de 2018 e apresentada na Bienal de Veneza em 2019, vai estar patente ao público até 04 de abril.
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