A maior parte destes textos, pertencentes aos arquivos que se encontram na British Library e na biblioteca da Universidade de Sussex, não foi escrita com o objetivo de ser publicada.
Contudo, “é inegável o interesse e o valor destas memórias, não só no conjunto da sua obra, como também pelo facto de lançarem luz sobre a visão e a sensibilidade, a vida e a arte de uma das mais importantes autoras do século XX”, diz a tradutora Eugénia Antunes, numa nota introdutória da obra.
O primeiro texto, “Reminiscências”, começou a ser escrito em 1907, quando Virginia Woolf tinha 25 anos, e integra-se num período de aprendizagem da escritora, em que esta se prescrevia vários exercícios de escrita, consciente de que era uma aprendiza do ofício.
Este primeiro texto foi pensado para o sobrinho, Julian Bell, primeiro filho de Vanessa e Clive Bell, e deveria relatar a vida da irmã, mas acabou por se tornar uma evocação da infância e adolescência de ambas.
O segundo texto, “Um Esboço do Passado”, foi escrito já no final da carreira de Virginia Woolf, em 1939, abarcando, no entanto, o mesmo período de vida do texto anterior, mas de um ângulo totalmente diferente.
Os últimos três textos, escritos entre 1920 e 1936, foram lidos por Virginia Woolf ao Clube das Memórias, um grupo de amigos que se reunia ocasionalmente para jantar, conviver e ler textos autobiográficos, nos quais a franqueza devia ser absoluta.
A ordem por que estes textos — “Hyde Park Gate, 22″, “O Velho Grupo de Bloomsbury” e “Sou Snobe?” — são apresentados na obra respeita a ordem cronológica dos eventos neles descritos.
Segundo Eugénia Antunes, como os textos não se destinavam a ser publicados, “não foram devidamente preparados por Virginia, que tinha por hábito escrever algumas versões e depois revê-las e datilografá-las até oito ou nove vezes, e apresentam marcas evidentes de um ‘work in progress'”.
O livro “Momentos de Vida” inclui ainda várias fotografias da família e retratos de Virginia Woolf, bem como cópias de originais escritos à mão e datilografados.
Os textos autobiográficos que compõem esta obra foram encontrados em papéis que ficaram no espólio de Virginia Woolf quando esta morreu e foram divulgados por um sobrinho, contou à Lusa Vladimiro Nunes, da Ponto de Fuga.
A publicação deste livro insere-se num trabalho que a editora está a fazer em torno de “textos com alguma autorreflexão dos autores”, como é o caso de um livro de Gertrude Stein que a Ponto de Fuga também vai publicar, intitulado a “Autobiografia de Alice B. Toklas”.
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