A banda inglesa regressou a Portugal e organizou no Campo Pequeno mais uma celebração dos 15 anos do seu álbum de estreia (e mais popular) - “Inside In/Inside Out”.
Não estava fácil ter os The Kooks de volta a Portugal. A banda britânica tinha cancelado as últimas duas datas agendadas para Portugal - em 2018, no NOS Alive, devido a problemas com a voz do vocalista Luke Pritchard, e em 2022, já com a tour a celebrar os 15 anos do seu álbum de estreia “Inside In/Inside Out”, devido as restrições ligadas à Covid-19.
Por isso, foi com entusiasmo que milhares de pessoas se deslocaram ontem, 24 de janeiro, ao Campo Pequeno para ouvir os principais hits da banda, não só os do primeiro álbum, mas também dos álbuns seguintes.
A banda formou-se em 2004, em Brighton, uma cidade no sul de Inglaterra, banhada pelo mar, que deve ter servido de inspiração para a música “Seaside”, a primeira faixa de ”Inside In/Inside Out” — que foi também a escolhida por Pritchard para abrir o concerto de ontem à noite, entrando em palco apenas acompanhado pela sua guitarra. Mas já lá vamos.
Os The Kooks fazem parte da geração de bandas britânicas que impulsionaram o indie rock no início dos anos 2000, onde se incluem os Arctic Monkeys, os Kasabian, os Kaiser Chiefs, os Franz Ferdinand, entre muitos outros, mas o percurso da banda para alcançar o sucesso não deixa de ser peculiar.
Em 2004, apenas quatro meses depois de terem formado a banda, Luke Pritchard e companhia conseguiram um contrato com a editora Virgin Records, que lhes deu espaço para trabalharem e encontrarem a sua sonoridade. Depois de algumas tours e de um EP inicial, “Inside In/Inside Out” foi lançado a 23 de janeiro de 2006, recheado de singles que se tornariam em algumas das músicas mais populares da banda. No entanto, não foi um sucesso imediato e há uma explicação para isso. A data de lançamento do disco coincidiu com o lançamento de “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not”, o primeiro álbum dos Arctic Monkeys, que, na altura, se tornou no álbum de estreia a vender mais cópias (360 mil) na primeira semana no Reino Unido.
Tal não significa que os The Kooks passaram completamente despercebidos. O seu álbum estreou em 9º lugar nos charts ingleses (com 19 mil cópias vendidas) e, nas semanas seguintes, chegaria ao segundo lugar. Nas palavras de Luke Pritchard, vocalista da banda, o maior desafio foi mesmo ver a banda de Alex Turner a "sugar" grande parte da cobertura mediática numa fase inicial, algo que na altura poderá ter criado inseguranças, mas, olhando para trás, serviu como um escudo e permitiu que os The Kooks e o seu álbum tivessem um crescimento mais orgânico, sem terem de se expor em demasia.
“Inside In/Inside Out” já foi certificado por cinco vezes como disco de platina no Reino Unido, vendeu mais de 2 milhões de cópias no mundo inteiro desde o seu lançamento e é, de longe, o projeto mais popular dos The Kooks. É isso que o torna tão importante para a banda e para os fãs, e oferece razões mais do que suficientes para uma tour celebratória.
A Portugal, a banda inglesa veio acompanhada pelos STONE, grupo de Liverpool que abriu o serão com um concerto de meia hora onde apresentaram o seu EP de estreia, “punkadonk”. Como o nome indica, a banda tem um estilo mais punk/rock que, não sendo exatamente o mais parecido com os The Kooks, deu para aquecer a plateia e prepará-la para o grande evento da noite.
Como já mencionado, o concerto começou com “Seaside”, mas não ficou por aí. As primeiras sete músicas da setlist seguiram ao milímetro a sequência original do álbum de estreia. “Sofa Song” e “Ooh La” provocaram as primeiras uniões de vozes, mas foi “She Moves In Her Own Way” que arrancou oficialmente as hostilidades. Até aí o concerto parecia seguir um rumo calmo: as pessoas na plateia iam abanando o corpo e cantando; as pessoas das bancadas, sentadas, cantavam e procuravam uma razão para se levantar sem importunar a visão de quem estava atrás. Foi então que, antes de começar a sétima faixa de “Inside In/Inside Out”, Luke Pritchard pediu a todas as pessoas para se colocarem de pé e o acompanharem palavra a palavra.
A maior parte das pessoas não voltou a sentar-se.
Se continuasse com a sequência do álbum, a música seguinte teria sido “Naive”, o maior hit da banda, mas não tinha graça tocá-la com apenas um terço do concerto decorrido. Por isso, os The Kooks optaram por largar a lógica e, nos dois terços seguintes, misturaram singles de todos os seus álbuns e apresentaram algumas músicas do seu álbum mais recente “10 Tracks To Echo In The Dark”, editado no ano passado.
“I Want You” e “Jackie Big Tits” continuaram a homenagem ao álbum original, “Connection” e “Cold Heart” foram as músicas que se destacaram do novo projeto. “Junk Of The Heart” (Junk Of The Heart, 2011) marcou a saída temporária da banda de palco, aguardando pelos pedidos do público por um encore.
Esse acabou por chegar com mais “Inside In/Inside Out”. “Matchbox e “Naive” deram oportunidade às milhares de pessoas que se deslocaram ao Campo Pequeno de afinar a voz e se despedirem da banda e, em especial, do vocalista Luke Pritchard, que fez um ótimo trabalho a interagir com o público e não deixar os espetáculo esmorecer.
Se tudo correr bem, não vai voltar a demorar tanto tempo a regressar.
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