"A longo prazo continuamos sem saber o que vai acontecer. Não sabemos se há planos maiores para o Stop ou não", admitiu à Lusa Mariana Costa, presidente da associação de lojistas, músicos e artistas Alma Stop.
Há precisamente um ano, 105 das 126 lojas do centro comercial Stop, onde maioritariamente funcionam salas de ensaio e estúdios, foram seladas pela Polícia Municipal do Porto, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir.
A operação foi motivada por "falta de licenças de utilização para funcionamento", bem como por "falta de condições de segurança", garantiu à época o município.
Depois de muita contestação, o centro comercial reabriu a 04 de agosto com um corpo dos bombeiros em permanência à porta, que só de lá saiu no início deste mês, após uma inspeção ter concluído estarem reunidas as condições de segurança.
Também só no final de junho foi reposto o horário de acesso dos músicos entre as 10:00 e a meia-noite. Ao contrário do que se sucedida antes, deixou de ser possível realizar atividades fora desse horário, bem como receber público.
Mariana Costa não voltou a ir ao Stop depois da meia-noite e por isso "não tem muita perceção" se a dinâmica cultural e artística que se vivia naquele que é considerado por muitos "a verdadeira Casa da Música" regressou.
A maior parte das salas do centro comercial ainda estão ocupadas, mas a recente compra de algumas e o arrendamento de outras "a preços elevados", deixam algum receio.
"Vamos estar sempre com medo que aquilo se transforme noutra coisa. Estão várias salas à venda, outras a ser compradas e não sabemos por quem, nem com que finalidade", observou.
Quem por lá permanece desconhece também "qual o objetivo e que implicações terão" o projeto da administração do condomínio para, no piso superior, construir um 'coworking' cultural e a aquisição das salas de cinema pela autarquia.
A aquisição só se concretizará depois de garantido o procedimento de classificação do Stop como imóvel de interesse municipal, lançado no final de maio e que implica, ao abrigo da Lei de Bases do Património Cultural, a constituição de uma zona geral de proteção de 50 metros.
"Ainda estamos às apalpadelas porque não sabemos o que vai acontecer", admitiu.
A incerteza e o desconhecimento mantêm-se em relação à Escola Pires de Lima, solução apresentada pelo município aos músicos em alternativa ao Stop.
"Nós não sabemos de nada, nem sequer sabemos se é uma solução ou não", afirmou Mariana Costa, adiantando que a associação já solicitou reuniões ao município para perceber melhor o projeto, mas que não obteve resposta.
"Acho estranho que os músicos do Stop não sejam consultados. É uma questão sobre a qual gostávamos de ser esclarecidos", acrescentou.
Recusando-se a comprometer com prazos, o vereador do Urbanismo afirmou, em janeiro, ter a expectativa de que até ao final do ano os músicos pudessem ocupar as primeiras torres da escola.
A escola contempla cinco torres e um edifício central, sendo que três torres deverão ser usadas para espaços de gravação e o espaço central contará com estúdios de gravação e espaços de armazenamento de material.
Apesar do aparente regresso da normalidade ao Stop, com a saída dos bombeiros e a reposição dos horários, permanece por resolver a porta de segurança que, alegadamente, terá sido vedada pelo proprietário do terreno nas traseiras do centro comercial, que resultou em litigância.
Se a litigância não culminar na abertura da porta, uma das possibilidades passa por eliminar o uso de uma ou duas lojas viradas para a rua principal, fazendo aí a saída de emergência, assegurou o presidente da câmara.
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