As séries coreanas vieram para ficar
Não foi "Squid Game" que começou a onda das produções coreanas, mas foi o fenómeno que as colocou no top de conteúdos mais vistos da Netflix. Podemos até dizer que foi uma espécie de "Parasitas" para as séries. Depois, à boleia do sucesso da série que nos dá uma versão sombria das brincadeiras infantis, houve outros conteúdos que, quer já tivessem sido lançados antes, quer tenham estreado entretanto, foram ganhando maior visibilidade em todo o mundo.
"My Name", "Alice in Borderland", "As The Gods Will" e "Battle Royale" (que serviu de principal inspiração a alguns dos nomes anteriores) são exemplos desta nova tendência. Há uns dias estreou na Netflix "Hellbound", uma série coreana que parece querer surfar a mesma onda e que, ao que parece, pode mesmo vir a ultrapassar o sucesso de "Squid Game".
A história da série acontece num futuro não muito distante. Em Seul, na Coreia do Sul, surgiu recentemente uma nova organização religiosa chamada "Nova Verdade", que acredita e defende que Deus vê tudo aquilo que os humanos fazem e que está especialmente atento aos pecados. Assim sendo, quando chega a hora de alguém partir, há uma aparição de um anjo, que diz em que dias e a que horas é que a pessoa vai morrer.
Acham que a pessoa simplesmente cai para o lado num dia aleatório às 3h da tarde e a morte é dada como súbita e sem motivo? Não, pelo contrário. Discrição aqui não existe. Primeiro, no dia e à hora marcada, começa por se ouvir um barulho que anuncia uma chegada. Depois, abre-se um portal e saem de lá três criaturas sobrenaturais que dão então início ao castigo. Uns murros, umas facadas, vão atirando a pessoa em questão de um lado para o outro, destroem umas coisas pelo caminho, até fazerem o movimento final: sugam a sua alma, que vai agora para o Inferno, e queimam o corpo, fazendo com que sobre muito pouco da sua presença na Terra.
Ora, isto é uma daquelas coisas que, dita, ninguém acredita. Mas tudo muda quando algumas demonstrações começam a acontecer em público, em plena luz do dia, e até são gravadas e posteriormente partilhadas na internet. É então que a Nova Verdade começa a ganhar força e mais seguidores, e chega até a surgir um grupo de fanáticos religiosos que é obcecado por descobrir os pecados de quem foi castigado e que até tenta fazer justiça pelas próprias mãos.
Bem, acho que já chega de vos contar pormenores. É boa, é muito boa. Tem 6 episódios que contam diferentes histórias e que são facilmente vistos todos de uma só vez. Difícil vai ser chegar ao fim e não ficares com o peso na consciência e a pensar "Será que eu também ia para o inferno?".
O meu veredicto: É diferente de "Squid Game", apesar de manter o registo de violência extrema e explícita korean style. Mas atrevo-me a dizer que, por trazer muitos dos temas de forma mais explícita, como o fanatismo, a religião ou até mesmo o livre arbítrio, "Hellbound" é de visualização obrigatória. E sim, também tem cenas com velhinhos que me partiram o coração. Para as pessoas que fazem séries e filmes só tenho isto a dizer.
Como tudo começou: "Hellbound" é, na verdade, baseado num webtoon (termo utilizado para designar uma espécie de livro aos quadradinhos publicado online) que podes espreitar aqui. Depois, o próprio criador trabalhou numa adaptação num formato de curta animada. Esta versão que estreou na Netflix é mais uma espécie de live action.
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