"Sempre quis fazer este tipo de viagem. Mas o facto de ter estado com os refugiados que fogem de locais como a Síria fez com que ela tivesse um significado especial", afirmou nesta terça-feira Warren Richardson à AFP.
O fotógrafo australiano de 47 anos, que ganhou o prémio mais prestigiado de fotojornalismo com uma imagem de um refugiado a passar um bebé sob a cerca de arame farpado da fronteira, saiu em meados de fevereiro de Budapeste, onde vive com a família. Segundo ele, o objetivo desta ação não era recriar a dura experiência destes refugiados, mas voltar a estar com algumas das pessoas que tinha fotografado.
Richardson deve chegar a Amesterdão na quinta-feira, depois de ter passado várias semanas a dormir numa tenda à beira da estrada. Guia-se apenas com a ajuda do sol e das estrelas e conta com a amabilidade de quem passa. "A ideia original era ir de Budapeste à Noruega para me reencontrar com refugiados que conheci na Hungria e em outros lugares e ver como estão", explicou à AFP durante o seu périplo, ao mesmo tempo que ia pedindo indicações sobre o caminho a várias pessoas. "Mas no dia em que tinha que ir embora, o telefone tocou e disseram-me que tinha vencido o World Press Photo, o que mudou um pouco as coisas", acrescentou.
Decidiu então ir a Amesterdão, que fica "a meio caminho de onde queria ir", confessa o fotógrafo. Com a mochila, a tenda, o saco de dormir e a sua fiel máquina fotográfica, Richardson dirige-se à cidade holandesa para receber o prémio e um cheque de 10.000 euros das mãos do príncipe Constantino, irmão do rei Willem-Alexander. Embora os seus sapatos tenham ficado em frangalhos, Richardson quer reunir-se em Edam, a norte de Amsterdão, com um grupo de refugiados que o acompanhará no último trecho da viagem. Questionado sobre os motivos para fazer esta viagem, Richardson afirma que é "pela lição de humildade e pelas pessoas incríveis que se encontram ao longo do caminho".
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