O chefe da Mossad, o agência de inteligência israelita, reuniu-se no Qatar com o chefe da CIA, Bill Burns, e o primeiro-ministro qatari para tratar deste “novo projeto de acordo”, anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

“Nos próximos dias, as negociações continuarão entre os mediadores e o Hamas” sobre este projeto que “integra propostas anteriores e leva em conta os recentes eventos na região”, acrescentou.

Na véspera, o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, cujo país é um dos mediadores no conflito em Gaza, junto com o Qatar e os Estados Unidos, propôs um cessar-fogo de dois dias “durante os quais quatro reféns seriam trocados por alguns presos” que estão nas prisões de Israel.

Esta trégua precederia negociações “dentro de dez dias” para um “cessar-fogo completo e a entrada de ajuda humanitária” no território palestiniano, estritamente controlada por Israel.

Mas Netanyahu disse nesta segunda que Israel não tinha recebido uma proposta sobre a libertação de reféns em troca de uma trégua de dois dias, segundo o seu porta-voz.

“Se esta proposta tivesse sido feita, o primeiro-ministro tê-la-ia aceitado imediatamente”, destacou em comunicado Omer Dostri, porta-voz de Netanyahu.

O Parlamento israelita votou nesta segunda-feira, apesar das objeções dos Estados Unidos e da ONU, um projeto de lei que proíbe em Israel as atividades da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA).

Israel acusou alguns funcionários da agência de terem participado no ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 em solo israelita, que desencadeou a guerra em Gaza.

A UNRWA denunciou uma votação “escandalosa” contra o “maior interveniente das operações humanitárias em Gaza”, de acordo com a sua porta-voz Juliette Touma.

O presidente israelita afirmou na rede social X que Israel está disposto a garantir o fornecimento de ajuda humanitária na Faixa de Gaza de uma "forma que não ameace a segurança de Israel".

Por sua vez, o Hamas denunciou a "agressão sionista" contra os palestinianos após a adoção do projeto de lei.

Vários países europeus, incluindo Alemanha, Reino Unido e Espanha, condenaram a medida israelita.

Apesar da pressão internacional, Israel continua a sua ofensiva contra o Hamas e o Hezbollah, dois movimentos islamistas apoiados pelo Irão, após bombardear no sábado alvos militares em território iraniano.

O Irão procura criar "reservas de bombas nucleares para destruir Israel" e "poderia ameaçar o mundo inteiro", disse Netanyahu nesta segunda.

Os bombardeamentos de sábado "mudaram o equilíbrio de forças" entre os dois países, declarou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que considerou que "o inimigo foi enfraquecido".

O Irão ameaçou nesta segunda-feira Israel com consequências “inimagináveis”, após esses ataques, realizados em resposta ao lançamento de mísseis iranianos contra o território israelita a 1 de outubro.

Num contexto de alta tensão regional, o Conselho de Segurança da ONU deve reunir-se com caráter de urgência nesta segunda-feira, a pedido do Irão, para tratar a situação no Médio Oriente.

Depois de debilitar o Hamas em Gaza, Israel deslocou a maior parte das suas operações para o Líbano. Em 23 de setembro, o Exército iniciou uma campanha aérea contra os redutos do Hezbollah, e uma semana depois iniciou uma ofensiva terrestre que, até o momento, provocou as mortes de 37 soldados.

O objetivo, segundo as autoridades israelitas, é permitir o retorno ao norte do país de quase 60 mil deslocados pelos lançamentos de rockets do Hezbollah.

Nesta segunda, um bombardeamento israelita matou sete pessoas na cidade costeira de Tiro, sul do Líbano, e no leste, vários bombardeamentos mataram outras 60, segundo as autoridades.

Desde 23 de setembro, mais de 1.670 pessoas morreram no Líbano, de acordo com a AFP com base em dados oficiais.

O movimento pró-iraniano reivindicou, por sua vez, vários ataques com rockets e artilharia na fronteira israelita, assim como disparos de projéteis contra a base naval de Stella Maris, perto de Haifa, no norte de Israel. Segundo o Exército israelita, cerca de 115 "projéteis" foram disparados nesta segunda-feira pelo Hezbollah em direção a Israel.

Na Faixa de Gaza, o Exército israelita anunciou que matou “dezenas de terroristas” em Jabaliya, no norte do enclave, onde iniciou uma ofensiva no dia 6 deste mês para, segundo afirma, impedir que combatentes do Hamas se reagrupem.

A guerra em Gaza começou após o ataque de milicianos do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.206 pessoas, principalmente civis, e capturou 251, de acordo com levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelitas.

Dessas, 97 continuam em cativeiro em Gaza, mas 34 foram declaradas mortas pelo Exército.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já deixou 43.020 mortos, em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.