Nem Israel nem o Hamas comentaram a proposta do presidente egípcio, mas, segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o governo debate um novo "plano de acordo" para a libertação dos reféns mantidos na Faixa de Gaza.
O anúncio ocorre após o retorno do Catar de David Barnea, o chefe da Mossad — os serviços de inteligência exterior israelitas —, que se reuniu com o chefe da CIA, Bill Burns, e o primeiro-ministro do Qatar para discutir um cessar-fogo no território palestiniano.
"Nos próximos dias, as negociações continuarão entre os mediadores e o Hamas, para examinar a viabilidade das conversas e continuar a tentar avançar para um acordo", indicou o gabinete de Netanyahu.
Egito, Catar e Estados Unidos são os países mediadores na guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada após o ataque do movimento islamita em solo israelita em 7 de outubro de 2023.
Em contexto de alta tensão regional, o Irão elevou o tom e ameaçou Israel com "consequências amargas inimagináveis" após os bombardeamentos realizados este sábado contra instalações militares da República Islâmica.
Pelo menos quatro soldados morreram devido aos bombardeamentos israelitas, segundo o Exército, e os meios de comunicação iranianos indicaram nesta segunda-feira que o ataque também matou um civil.
A pedido do Irão, que apoia o Hezbollah e o Hamas contra Israel, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta segunda-feira em caráter de urgência, às 16h de Brasília, para tratar do Oriente Médio.
"Dois dias de cessar-fogo"
Na Faixa de Gaza, o Exército israelita anunciou que matou "dezenas de terroristas" em Jabaliya, no norte do território palestiniano, onde iniciou uma ofensiva a 6 de outubro para, segundo afirma, impedir que os combatentes do Hamas se reagrupem.
Segundo socorristas locais, os bombardeamentos continuam no centro e no norte de Gaza, onde um drone israelita matou três pessoas.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque de milicianos do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, no qual mataram 1.206 pessoas, principalmente civis, e capturaram 251, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelitas, que incluem os reféns mortos em cativeiro.
Das pessoas sequestradas naquele dia, 97 continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo Exército. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já deixou 43.020 mortos, na sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Al Sissi propôs no domingo "dois dias de cessar-fogo", durante os quais "quatro reféns seriam trocados por alguns prisioneiros" que estão detidos em Israel.
O presidente egípcio não especificou se apresentou o plano ao Hamas ou a Israel, mas indicou que a trégua precederia "negociações em 10 dias" para garantir "um cessar-fogo completo e a entrada de ajuda" na Faixa de Gaza, cujos habitantes são vítimas de uma catástrofe humanitária.
De Gaza para o Líbano
Depois de debilitar o Hamas em Gaza, Israel deslocou a maior parte das suas operações para o Líbano. Em 23 de setembro, o Exército iniciou uma campanha aérea contra o Hezbollah, e uma semana depois iniciou uma ofensiva terrestre que, até o momento, provocou a morte a 37 soldados.
O objetivo, segundo as autoridades israelitas, é permitir o regresso ao norte do país de quase 60 mil deslocados pelos lançamentos de foguetes do Hezbollah.
Nesta segunda-feira, um bombardeamento israelita matou sete pessoas na cidade costeira de Tiro, sul do Líbano, segundo as autoridades.
O movimento pró-iraniano reivindicou, por sua vez, vários ataques com foguetes e artilharia na fronteira israelita, assim como disparos de projéteis contra a base naval de Stella Maris, perto de Haifa, o grande porto do norte de Israel.
Segundo o Exército israelita, cerca de 115 "projéteis" foram disparados nesta segunda-feira pelo Hezbollah em direção a Israel.
O Hezbollah também afirmou ter feito armado uma "emboscada" aos soldados israelitas perto de Kfar Kila, uma aldeia fronteiriça no sul do Líbano, seguida de "confrontos com armas automáticas e disparos de roquetes" que deixaram, segundo o relatório, "mortos e feridos" nas fileiras israelitas.
Desde 23 de setembro, pelo menos 1.620 pessoas morreram no Líbano, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais.
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