Palavras que António Costa proferiu no final da tradicional descida do Chiado, em Lisboa, que este ano teve um trajeto mais curto, tendo terminado logo no final da rua do Carmo e não, como era habitual, junto ao Terreiro do Paço.
No último dia da campanha das eleições legislativas de 2019, num momento em que a descida do Chiado já tinha terminado e os apoiantes estavam a desmobilizar, o líder socialista envolveu-se num incidente com um cidadão idoso, que o contestou pela sua ação nos fogos florestais do verão de 2017.
Desta vez, não houve qualquer incidente. Tal como acontece nestas ações, uma banda de música animou o desfile dos socialistas entre o Largo Camões e a Praça do Rossio. Mas este percurso é cada vez mais impróprio para ações de campanha, sobretudo devido à existência de múltiplos obstáculos pelo caminho: Esplanadas de cafés, bancas de venda espalhadas pelos passeios, zonas de parqueamento de bicicletas e motos e muitos pilaretes para condicional o estacionamento.
No final da rua do Carmo, perante muitos apoiantes socialistas, António Costa deixou uma mensagem dirigida aos eleitores mais jovens, aqueles que os estudos de opinião indicam com maior propensão para a abstenção com menor tendência para o voto no PS.
“Vamos continuar a apostar na educação e no futuro dos nossos jovens e a garantir, sobretudo, um combate sem tréguas contra a precariedade e pela habitação acessível. Medidas para garantir que todos os jovens tenham o seu futuro connosco em Portugal”, declarou.
No seu discurso, o secretário-geral do PS voltou a acusar o PSD de ter um programa eleitoral escondido, contrapondo que o voto nos socialistas é o “único certo e seguro”, principalmente em termos de linha política.
“O voto no PS é o único que garante que em circunstância alguma dependerá o que quer que seja do apoio, da passividade ou da cumplicidade da extrema-direita. Connosco nunca, essa é uma linha vermelha que não será ultrapassada”, assegurou.
Em relação aos próximo quatro anos, António Costa afirmou que um seu Governo “irá continuar a aumentar os salários e vai baixar já este ano o IRS” para a classe média.
“Vamos continuar a fortalecer o Serviço Nacional de Saúde, sempre com contas certas”, acrescentou.
Na descida do Chiado, estiveram presentes vários membros do Governo, como os ministros Nelson de Souza, João Gomes Cravinho ou Pedro Siza Vieira, ou os secretários de Estado Ana Sofia Antunes e João Galamba.
António Costa desceu o Chiado acompanhado pela sua mulher, Fernanda Tadeu, sempre ladeado pelo líder da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS, Duarte Cordeiro, e pela “número dois” da lista pelo círculo eleitoral de Lisboa, Edite Estrela.
Estiveram nesta ação de campanha o vice-presidente do Parlamento Europeu Pedro Silva Pereira, a eurodeputada Margarida Marques, a presidente da Câmara da Amadora, Carla Tavares, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Edmundo Martinho, o antigo ministro João Soares, e dirigentes socialistas como José Manuel dos Santos, Daniel Adrião (da tendência minoritária do PS) ou Maria da Luz Rosinha.
Costa acusa Rio de andar “empolgado” a “decretar resultados” e escolher ministros
O secretário-geral do PS acusou hoje Rui Rio de andar “muito empolgado” a “decretar por antecipação resultados” e a escolher ministros, afirmando que este é o momento de aguardar “com toda a humildade” os resultados das eleições.
“Vejo o meu adversário muito empolgado e a decretar por antecipação os resultados, a distribuir as pastas entre ele e os outros partidos, a escolher ministros. Cada coisa a seu tempo. Neste momento é o tempo de os portugueses falarem, de os portugueses escolherem, de os portugueses decidirem”, afirmou António Costa.
O também primeiro-ministro apelou a que, neste momento, se aguarde pelo que “os portugueses têm a dizer com toda a humildade”.
“Eu, por mim, tenho a minha consciência muito tranquila e tenho toda a energia para começar a trabalhar logo na segunda-feira. Os portugueses decidirão se sim, se não”, disse.
Questionado se, a partir de segunda-feira, vai “começar a trabalhar logo numa solução” governativa, António Costa respondeu: “No domingo à noite vamos ver quais sãos os resultados. Em função dos resultados, o senhor Presidente da República designará a quem cabe a iniciativa de formação do Governo e, em função disso, iremos trabalhar”.
Interrogado novamente se Marcelo Rebelo de Sousa irá escolher o partido mais votado para formar Governo, Costa respondeu: “O senhor Presidente da República decidirá”.
O também primeiro-ministro sustentou que o objetivo do PS atualmente “é dizer aos portugueses com clareza” o que pretende, reiterando que não tem “nenhum programa escondido, não há nada na manga” e que as propostas socialistas são claras, elencando medidas como a melhoria dos rendimentos ou o reforço do Serviço Nacional de Saúde.
“Connosco sabem: nós temos não só um programa, como um orçamento. Somos a única solução governativa que, em circunstância alguma, fica dependente da tolerância, ou da complacência, ou do favor, ou dependente da extrema-direita. Connosco há uma linha vermelha muito clara entre nós e a extrema-direita e manter essa linha vermelha é muito importante para mantermos uma democracia saudável”, afirmou.
Numa campanha onde António Costa começou por pedir uma maioria absoluta aos portugueses, tendo depois desistido desse propósito, o líder socialista foi questionado pelos jornalistas sobre a mudança de direção, tendo respondido que “é a vontade dos portugueses”.
“E temos que a respeitar e devemos ter este diálogo com os portugueses e perceber também o que é que os portugueses entendem que é o futuro”, advogou.
O líder socialista reforçou que é importante que os “portugueses não tenham medo de votar e sintam que no domingo têm todas as condições de segurança para poderem votar em segurança”.
“A todos é reconhecido o direito a voto e todos têm o direito a votar em segurança, e eu acho que isso é o mais importante que acontece, e vamos ter a humildade de ouvir os portugueses, os portugueses saberão decidir como sempre souberam decidir em cada uma das eleições. Pela minha parte, eu saberei interpretar os resultados eleitorais e, em função disso, agir”, referiu.
Questionado sobre o que é que explica a diminuição da margem entre o PS e PSD nas sondagens, António Costa respondeu: “A margem final vamos ver no domingo, no domingo é que vamos ver”.
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