"Devemos celebrar também nesta casa o que Espanha e França têm celebrado sem reservas estes dias, ligações energéticas por mar e ligações energéticas por terra de gás e de eletricidade", afirmou o deputado Tiago Brandão Rodrigues.
O socialista salientou que esta foi "uma vitória inequívoca da diplomacia economia, da diplomacia do Governo".
Numa intervenção no debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2023), na Assembleia da República, o deputado do PS salientou que este documento prevê "mais de cinco mil milhões de euros de investimento no ecossistema", o que representa uma "progressão de 50% face ao já ambicioso orçamento executado este ano".
Este é um "orçamento que enfrenta de frente os desafios que o presente traz no campo dos custos da energia, através de um conjunto amplo de medidas mitigadoras, e que cuida do futuro, apostando numa estratégia de diversificação de fontes e de fornecedores do sistema, robustecendo a resiliência de todos e de todo o sistema nacional", defendeu.
"Medidas mitigadoras essas que totalizam já 5,3 mil milhões de euros distribuídos entre dois mil milhões dirigidos ao consumo de empresas e três mil milhões pensados para aliviar o fardo energético das pessoas", destacou.
Tiago Brandão Rodrigues assinalou também a "aprovação que se conseguiu em Bruxelas de um mecanismo ibérico, traduzindo uma poupança de 220 milhões de euros só entre 15 de junho e 31 de agosto, através de uma redução tarifária que ultrapassa os 18%".
"Apesar deste ruído, por estridente e até trauliteiro que demasiadas vezes que demasiadas vezes ele seja visto pelos portugueses, vamos continuar a investir no futuro da transição energética, alocando-lhe mais de dois mil e 100 milhões de euros no próximo ano", acrescentou o socialista.
Num pedido de esclarecimento, o deputado Hugo Oliveira, do PSD, considerou que o acordo sobre interconexões energéticas é "muito prejudicial" para Portugal.
Sobre o mecanismo ibérico, o deputado social-democrata questionou "exatamente quem vai pagar, em última linha, a diferença", perguntando se "são os portugueses e como".
Hugo Oliveira afirmou que "portugueses já tremem de medo por aquilo que aí vem, mas vão tremer de frio" neste inverno, "porque não terão meios para fazer face ao aumento da energia".
"Só falta mesmo o Governo dizer aproveitem os 125 euros e comprem cobertores", ironizou.
Num outro pedido de esclarecimento, a deputada Alma Rivera, do PCP, criticou que no orçamento das pessoas e das famílias "há tudo menos contas certas".
"O que há é um resultado negativo entre os rendimentos que o Governo se recusa a aumentar de forma real e as despesas que não param de subir", criticou, falando em "medidas parciais que não levam a lado nenhum".
Falando num "aumento brutalmente especulativo e descontrolado dos preços", em que "o que se paga a mais vai direitinho para os bolsos dos acionistas das energéticas", a comunista criticou que "é opção do Governo não intervir nos preços e nas margem de lucro".
Os Governos de Portugal, França e Espanha alcançaram um acordo para acelerar as interconexões energéticas, que prevê um gasoduto por mar entre Barcelona e Marselha (BarMar).
Os líderes de Portugal, Espanha e França decidiram avançar com um “Corredor de Energia Verde” para as interligações energéticas entre os países, apostando numa ligação por mar entre Barcelona e Marselha (BarMar), em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat), discutida há vários anos, mas que não era apoiada por França.
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