Um recorde que ninguém queria

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

Rente à hora de almoço, a notícia surgiu pela TVI: nesta quarta-feira, 6 de janeiro, Portugal iria bater um novo recorde — e não dos bons, que orgulham o país: os novos casos de covid-19 rondariam os 10 mil.

O número foi confirmado pela DGS, cerca de uma hora depois, no boletim epidemiológico diário. Hoje, Portugal regista mais 10.027 novos casos de infeção e 91 mortes. Mas vejamos mais alguns números.

  • 7.377 óbitos desde o início da pandemia
  • 446.606 casos de infeção no total
  • 87.004 casos ativos, mais 6.821 do que ontem

E olhemos ainda para as várias regiões do país, ao dia de hoje.

  • Norte: 34 mortes e 3.857 novos casos
  • Centro: 14 mortes e 1.932 novos casos
  • Lisboa e Vale do Tejo:  27 mortes e 3.333 novos casos
  • Alentejo: 15 mortes e 439 novos casos
  • Algarve: 1 morte e 307 novos casos
  • Açores: 107 novos casos
  • Madeira: 52 novos casos

Feitas as contas, verifica-se que os casos confirmados distribuem-se por todas as faixas etárias, situando-se entre os 20 e os 59 anos o registo de maior número de infeções. Por sua vez, o maior número de óbitos continua a concentrar-se nos idosos com mais de 80 anos, seguido das pessoas com idade entre os 70 e os 79 anos.

Todavia, olhar para os números implica mais do que ver o impacto da pandemia na vida de cada um. Os hospitais, polos essenciais para este combate, sentem este agravamento na sua atividade e no número de camas disponíveis.

Desta forma, os hospitais públicos da região de Lisboa e Vale do Tejo receberam hoje orientações do Ministério da Saúde para suspender a atividade não urgente e elevar os seus planos de contingência devido ao agravamento da situação epidemiológica.

A medida foi tomada na sequência da recomendação da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a Covid-19 (CARNMI) numa reunião de trabalho na terça-feira para “análise da situação epidemiológica regional e da ocupação de camas na Região de LVT”, adiantou o Ministério.

Esta manhã, também o Hospital Distrital de Santarém divulgou que atingiu o limite da sua capacidade prevista de internamento para doentes infetados com o vírus SARS-CoV-2, assegurando no entanto que tem ainda margem para alargar o número de camas. Pelo país a situação repete-se, tendo ontem o Hospital da Guarda informado que está prestes a esgotar a capacidade máxima para internamento — o que foi comprovado pelas imagens divulgadas pela SIC Notícias.

Ontem, Graça Freitas lembrou que não se sabe se já estamos a atravessar o pico da atual vaga da pandemia. Seja como for, lembrava que "o mais importante é o número de casos que temos semanalmente e com os quais temos de lidar e dar resposta em termos de cuidados".

Ainda no pico ou já a iniciar a descida, fica o conselho da Diretora-geral da Saúde: as pessoas "que mais circularam nesta altura" do Natal e Ano Novo, reunindo-se com família e/ou amigos, devem estar "muito atentas ao aparecimento de sinais e de sintomas" e, se os tiverem, devem contactar a Saúde 24 e "as pessoas com quem estiveram para dar um alerta". Porque só assim se conseguem evitar recordes que ninguém quer.

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