A China entra nos Jogos, Olímpicos e não só
Depois de meses de tensa antecipação e política à mistura, tiveram hoje início os Jogos Olímpicos de inverno, em Pequim.
As polémicas antes da faustosa cerimónia de abertura — se bem que em menor grau que a de 2008, devido às temperaturas e à covid-19 — foram várias, desde a perseguição à população uighur em Xinjiang — que os norte-americanos já qualificaram de genocídio —, ao tratamento dos tibetanos e à repressão de liberdades em Hong Kong.
A China continua a merecer oposição dos líderes ocidentais nos mais variados cenários, e este não foi exceção. EUA, Reino Unido, Canadá e Austrália foram dos primeiros países a anunciar um boicote diplomático, sem presença de qualquer representante nos Jogos, em particular nas cerimónias, a não ser a presença desportiva, e a estes seguiram-se muitos outros.
A 19 de janeiro, o Parlamento Europeu também recomendou aos Estados-membros um “boicote diplomático e político” e Portugal acatou — à China foram apenas os três atletas em prova, todos no esqui competitivo, e respetivas equipas técnicas.
Quanto à covid-19, a pandemia voltou a ensombrar uns Jogos Olímpicos, depois de Tóquio2020, no verão passado, no país onde foram registados os primeiros casos e onde, no último domingo, a capital registou o maior número de novos positivos em 18 meses.
Mais elevada do que em Pequim, a braços há muito com medidas muito restritivas para controlo pandémico, está a ‘bolha’ olímpica, que tem tido, em média, 32 casos diários, sobretudo entre atletas e equipas técnicas, preocupando a organização. Do lado do público, que esteve arredado de Tóquio2020, a expectativa do COI é de que os recintos possam ter entre 30 a 50% da capacidade ocupada com convites, para compensar a decisão de desistir da venda de bilhetes ao público.
De resto, a forma como a covid-19 tem sido gerida por Pequim levanta também dúvidas quanto à espionagem, e à possível fuga de dados através do acesso a telemóveis dos atletas, para controlo sanitário, e repressão dos locais durante uma prova que se quer focada apenas no fenómeno desportivo.
Mas uma coisa nunca é só uma coisa. Defenderão alguns que o encontro entre Vladimir Putin e Xi Jinping — respetivos presidentes da Rússia e da China — poderia ter ocorrido hoje como em qualquer outra altura, mas a verdade é que foi hoje, quando os holofotes incidem sobre a China devido aos jogos e à sua estratégia agressiva perante os vizinhos, e sobre a Rússia em plena crise com a Ucrânia.
A pretexto de assistir à cerimónia de abertura dos JO, Putin reuniu-se com o seu homólogo na capital chinesa para concluir cerca de 15 acordos. Num ato de força — a Comissão Europeia preferiu chamar-lhe "propaganda política", os dois encontraram-se na capital chinesa — da reunião saiu a posição chinesa quanto à expansão da NATO na Europa, o cerne da atual crise russo-ucraniana.
Ficámos a saber que a China está ao lado da Rússia na oposição à futura expansão da NATO, com garantias firmadas não só quanto a questões de suporte geoestratégico, mas também em áreas da segurança, medidas políticas e no plano económico. De resto, os dois países têm realizado em conjunto exercícios militares, incluindo no Báltico e mar da Arábia, e programas de exploração espacial nos últimos anos. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada.
“Estamos a trabalhar em conjunto para dar vida ao verdadeiro multilateralismo”, declararam os dois chefes de Estado, tendo também reforçado o abastecimento de gás natural para a China, numa fase em que a Europa sente falta desta matéria.
Ainda antes da reunião, a China já tinha feito saber que apoiava “as exigências russas sobre garantias de segurança”, sendo que “Moscovo e Pequim possuem o mesmo entendimento da necessidade em garantir uma ordem mundial mais justa”, como declarou Iuri Ochakov, conselheiro diplomático do Presidente russo. No fundo, foi a oportunidade de mais uma vez demonstrarem em público a “grande amizade” fomentada entre os dois líderes.
A deslocação de Putin à China acontece numa altura em que as tensões estão no seu ponto mais exacerbado com os ocidentais, que o acusam de preparar um ataque militar contra a Ucrânia.
A Rússia, que desmente qualquer projeto de invasão, exige garantias de segurança, em particular a promessa de que a Ucrânia nunca seja integrada na NATO e que a Aliança retire as suas forças para as posições de 1997.
De resto, o xadrez político ainda não se tornou bélico — e espera-se que a escalada de tensões desacelere —, mas continua frenético de parte a parte. Nos últimos dias, os EUA avisaram que a Rússia pode encenar uma agressão da parte da Ucrânia para agir como fez na Crimeia, a NATO reagiu com alarme à concentração de tropas na Bielorrússia (a maior nos últimos 30 anos no aliado de Putin) e vários aviões militares russos não-identificados foram intercetados a voar sobre os mares Báltico e Barents por parte de caças norte-americanos, noruegueses e britânicos ao serviço da Aliança Atlântica.
Em plena troca de represálias — por exemplo, a Rússia ordenou hoje o fecho do escritório local da radiotelevisão internacional alemã Deutsche Welle e interditou os seus programas como resposta à proibição do canal russo Russia Today (RT) de transmitir na Alemanha —, multiplicam-se os contactos diplomáticos e as negociações. A Turquia quer de novo organizar uma cimeira entre a Ucrânia e a Rússia e o chanceler alemão vai deslocar-se a Moscovo, não sem antes alinhavar-se com o Reino Unido nas sanções a impôr sobre a Rússia caso haja invasão.
O estado russo, apesar de estar a incrementar as forças militares junto à fronteira, mantém a mesma postura defensiva. Na noite de terça-feira, o Governo da Rússia enviou a diversos "parceiros" ocidentais, incluindo Portugal, algumas questões quanto ao fortalecimento da segurança de um Estado "em detrimento da segurança de outros" e a forma como os Governos pretendem cumprir essa obrigação, denunciando a política agressiva empregada pelo Ocidente.
Ainda não sabemos como se vai desenrolar o conflito nos dias que se avizinham, mas os factos de hoje não deixam dúvidas: em caso de guerra, Putin vai com as costas quentes, e é a China a agasalhá-lo.
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