Demolir uma vila para haver mais carvão. O que está a acontecer em Lützerath?
Embora o plano do Governo alemão pretenda eliminar progressivamente o carvão na Renânia do Norte-Vestefália até 2030, um acordo assinado no ano passado com a empresa de energia RWE veio mostrar que está previsto aumentar a extração de carvão a curto prazo, tendo em conta a crise energética resultante da invasão russa da Ucrânia.
Assim, um caso em concreto veio despertar as atenções: a demolição da vila alemã de Lützerath, para que seja expandida uma mina de carvão.
Em outubro de 2022, depois de o último agricultor ter saído do local, continuou a ver-se gente por lá: ativistas climáticos que queriam tentar impedir esta expansão.
Em casas de madeira e metal penduradas nas árvores, ligadas por uma rede de cabos, mostraram-se desde logo persistentes ao afirmar que seriam capazes de resistir por várias semanas, caso as forças de segurança tentassem expulsá-los.
Mas o inevitável teria de acontecer.
Porquê mais carvão?
O governo e a empresa energética RWE argumentam que o carvão é necessário para garantir a segurança energética da Alemanha.
No entanto, um estudo do Instituto Alemão de Investigação Económica questiona a postura do governo, depois de ter sido divulgado que outros campos de carvão existentes poderiam ser usados, embora o custo para a RWE fosse maior.
Outra alternativa seria a Alemanha aumentar a produção de energia renovável, reduzir a procura através de medidas de eficiência energética ou importar mais carvão ou gás a outros países, segundo o mesmo estudo.
Em que ponto estão os trabalhos e a resistência dos ativistas?
A polícia alemã deu hoje por concluída a operação de despejo da localidade de Lützerath, depois de forte resistência de ativistas ambientais.
Em declarações à cadeia NTV, Andreas Müller, porta-voz da polícia de Aachen, confirmou que a operação policial de despejo em Lützerath foi concluída, mas disse que a retirada de duas pessoas que permanecem barricadas num túnel subterrâneo ainda está em curso e precisou que se trata de uma “operação de resgate” a cargo da RWE, o operador da mina Garzweiler II.
“Não restam mais ativistas na zona de Lützerath”, confirmou a polícia em comunicado.
Depois de todos os edifícios terem ficado vazios na sexta-feira da semana passada, a polícia desocupou também, desde o início da operação de despejo, na última quarta-feira, 35 estruturas em árvores, bem como 30 construções de madeira erguidas pelos ativistas.
Ao todo, quase 300 ativistas foram retirados de Lützerath durante a operação, que incluiu quatro ações de resistência ao despejo.
Como têm sido as manifestações?
Desde o início do despejo foram abertas 154 investigações criminais.
A polícia de intervenção começou a expulsar na quarta-feira ativistas climáticos da vila. Algumas pedras e engenhos pirotécnicos foram atirados quando os polícias entraram na pequena localidade.
Já no sábado, uma ampla aliança de organizações contra a exploração mineira e a demolição de Lützerath realizou uma marcha em que também participou a ativista sueca Greta Thunberg.
Além da marcha pacífica, os manifestantes tentaram quebrar as barreiras policiais de acesso à aldeia isolada e à beira da mina a céu aberto, onde a polícia utilizou nomeadamente canhões de água e gás pimenta e efetuou 12 detenções.
O que levou às detenções?
Andreas Müller defendeu as ações das forças de segurança, argumentando que no sábado os manifestantes quebraram as barreiras policiais, e apesar dos repetidos apelos não se abstiveram de pôr em risco os agentes, o que não teve “nada a ver com um protesto pacífico, mas sim com procurar um confronto consciente e deliberado com a polícia”.
Segundo o comunicado, desde o início da operação mais de 70 polícias foram feridos e nove ativistas foram levados para o hospital, embora não tenham sido relatados feridos graves.
Cerca de 30 veículos da polícia foram danificados e 32 pneus de carros das forças de segurança foram furados.
Como está a ser vista a intervenção policial?
Os ativistas que se opõem à expansão da mina de carvão acusaram a polícia de ter reprimido com violência a manifestação que no sábado degenerou em confrontos com dezenas de polícias e manifestantes feridos.
Uma porta-voz dos organizadores do protesto, Indigo Drau, acusou em conferência de imprensa a polícia de “pura violência”, dizendo que os agentes tinham espancado os ativistas “sem restrições”, batendo-lhes na cabeça.
O coletivo “Lützerath lebt!” relatou no sábado que dezenas de ativistas foram feridos, alguns gravemente. Cerca de 20 deles foram hospitalizados, de acordo com uma enfermeira do grupo de ativistas, Birte Schramm.
A operação de evacuação em Lützerath é politicamente sensível para a coligação do social-democrata Olaf Scholz, que governa com os ecologistas, acusados pelos ativistas de terem traído os seus compromissos.
Também o coletivo português ambientalista Climáximo se solidarizou em comunicado com os ativistas que defendem Lützerath.
*Com agências
- 20:35
- O primeiro-ministro iraquiano, Muhamad Shia al-Sudani, manifestou apoio à presença "indefinida" de tropas dos Estados Unidos da América (EUA) no Iraque, em entrevista publicada hoje no Wall Street Journal.
-
- 20:35
-
Buscas onde caiu avião no Nepal suspensas até segunda-feira após resgate de 69 corpos
As operações de busca e salvamento no local onde caiu hoje um avião da Yeti Airlines, no centro do Nepal, foram suspensas até segunda-feira, depois de recuperados 69 corpos, adiantou fonte do Exército nepalês.
-
- 20:03
-
Empate no dérbi entre Benfica e Sporting encurta liderança ‘encarnada’
Benfica e Sporting empataram 2-2 no dérbi da 16.ª jornada da I Liga de futebol, que deixou os ‘encarnados’ com quatro pontos de vantagem sobre o Sporting de Braga e oito sobre o FC Porto, que joga ainda hoje.
-
- 19:36
-
Brasil: Manifestantes em Lisboa exigem condenação de “inimigos da liberdade”
Algumas dezenas de pessoas concentraram-se hoje, em Lisboa, para exigir a condenação dos “inimigos da liberdade” responsáveis pela invasão das instituições democráticas no Brasil, no passado domingo.
-
- 19:25
-
Adepto pontapeia guarda-redes do Arsenal após vitória em casa do Tottenham
Um adepto do Tottenham pontapeou hoje o guarda-redes do Arsenal Aaron Ramsdale, uma das figuras do dérbi londrino disputado em casa dos 'spurs', que os líderes da Liga inglesa de futebol venceram por 2-0.
-
- 19:15
-
Zelensky impõe sanções a 198 personalidades da cultura e dos 'media' russos
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou hoje a imposição de sanções a outras 189 personalidades da cultura e dos 'media' russos, que agora ascendem a 317 nomes abrangidos pela medida sancionária.
-
- 18:38
-
Novo bispo de Angra garante que não vai decidir sozinho mudanças na diocese
O novo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, comprometeu-se hoje a implementar mudanças na diocese, ouvindo as pessoas, e a respeitar as especificidades das nove ilhas dos Açores.
-
- 17:56
-
O estranho caso do português que pensava que sabia inglês
Não sei se já alguma vez o meu caríssimo leitor ouviu falar do mais hilariante livro alguma vez publicado sobre a língua inglesa. Foi escrito por um português.
-
- 16:59
-
Ucrânia: Ocidente vai entregar mais armas pesadas num futuro próximo
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou hoje que Kiev vai receber mais armas pesadas dos seus aliados ocidentais “num futuro próximo”, um pedido que tem sido frequentemente repetido pelas autoridades da Ucrânia.
-
- 16:12
-
Ativistas atiram tinta a escultura de Cattelan em protesto contra combustíveis fósseis
Ativistas ecológicos do grupo “Última Geração”, autores de alguns protestos realizados nas últimas semanas em Itália, atiraram hoje tinta contra a famosa escultura do artista Maurizio Cattelan que representa o dedo médio levantado.
-