“Durante o estado de emergência, foram admitidos nas morgues 225 corpos, dos quais 19 eram de agentes das forças da ordem e de militares”, afirmou um representante da Procuradoria-Geral do Cazaquistão, Serik Shalabaev, durante uma conferência de imprensa, citado pelas agências de notícias AFP e EFE.
Entre os mortos, estão “bandidos armados” que participaram nos ataques a edifícios públicos e contra elementos das forças de segurança, acrescentou o representante das autoridades Serik Shalabaev. As autoridades do Cazaquistão já tinham justificado a repressão das manifestações com a suspeita de terrorismo e tentativa de golpe de Estado.
Nos 4.353 feridos identificados, há 3.393 elementos das forças de segurança, segundo a mesma fonte.
Os números anteriores das autoridades do Cazaquistão referiam 164 mortos e cerca de mil feridos nos protestos dos primeiros dias deste ano, que começaram por ser manifestações contra o aumento dos preços do gás liquefeito.
O presidente do Cazaquistão, Kassim-Jomart Tokayev, escreveu no Twitter, na sexta-feira, que nos “trágicos acontecimentos de janeiro” e do estado de emergência que se seguiu foram detidas “aproximadamente 2.000 pessoas por diferentes delitos”.
A Procuradoria-Geral do Cazaquistão disse hoje que estão em investigação 546 processos e que 44 deles estão relacionados com suspeitas de terrorismo.
Estão em centros de detenção temporária 672 pessoas suspeitas de delitos e cerca cem foram libertadas por falta de provas, acrescentou Shalabaev.
No dia 5 de janeiro foi demitido, com todo o Governo, o antigo chefe do Comité de Segurança Nacional do Cazaquistão (CSN) Karim Masimov, que foi detido no dia seguinte e acusado de alta traição.
Na quinta-feira passada, o CSN disse que dois dos seus ex-vice-presidentes foram também detidos por suspeitas de crimes de abuso de poder e tentativa de golpe de Estado, no âmbito da investigação contra Karim Masimov.
Masimov foi primeiro-ministro antes de assumir a liderança da CSN em 2016.
As manifestações, alimentadas por um descontentamento com as elites económicas e políticas do país e com a corrupção, transformaram-se em tumultos e foram reprimidas pelas forças cazaques numa operação caracterizada como “antiterrorista”.
Tokayev chegou a dar ordem às forças de segurança para “atirarem a matar” durante os protestos, de forma a conter a agitação civil.
O Presidente cazaque pediu ajuda à Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), cujas forças lideradas pela Rússia começaram na quinta-feira a retirada do Cazaquistão, segundo o Ministério da Defesa russo.
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