Neste novo estudo, a Fundação Francisco Manuel dos Santos conclui que o idadismo também é sentido em idades mais avançadas nomeadamente 28,6% dos trabalhadores de meia-idade e 25,6% dos trabalhadores mais velhos. Segundo o Público, este fenómeno tem consequências na forma como as pessoas estão no mercado de trabalho.
O estudo foi publicado esta segunda-feira, Dia Internacional da Juventude e tem como tema “Compreender o idadismo em relação aos trabalhadores mais jovens e mais velhos”. E concluiu que em média, os trabalhadores portugueses relatam "níveis relativamente baixos" de discriminação etária: apenas 33,5% relataram níveis moderados e elevados deste tipo de discriminação, sendo que os autores consideram que estes resultados — que contrastam com outros estudos internacionais — se podem dever ao facto de os participantes terem sido apenas inquiridos sobre “formas flagrantes” de comportamento discriminatório, como, por exemplo, não terem sido considerados para uma promoção por causa da idade, e não sobre formas mais subtis, acreditando que, desta forma, os valores poderiam ser mais elevados.
"Os jovens trabalhadores reportam discriminação em função da idade durante todas as fases do seu emprego, do recrutamento à promoção e ao despedimento. Os trabalhadores mais jovens tendem também a ser relativamente mal pagos e referem que não se sentirem valorizados, receberem comentários depreciativos, serem vistos como menos competentes e terem menos oportunidades de desenvolvimento. Quando os chefes são mais jovens do que os membros da sua equipa, a equipa tende a atribuir-lhes classificações mais baixas em termos de competência profissional", refere o resumo do estudo.
"Os estereótipos de idade prescritivos, que são generalizações relativas à forma como os membros de um grupo etário se devem comportar podem originar o preconceito/discriminação mesmo quando os estereótipos descritivos não o fazem. Um exemplo de um estereótipo de idade prescritivo é a expectativa de que os trabalhadores mais velhos se afastem para dar lugar às gerações mais novas no local de trabalho. Um importante estereótipo prescritivo em relação aos trabalhadores mais jovens é a ideia de que estes devem aceitar um estatuto inferior na organização (por exemplo, assumindo tarefas menores) e não desafiar
a hierarquia ou o statu quo. Se um trabalhador mais velho 22 ou mais jovem não se conformar com estas expectativas, pode sofrer reações negativas, por exemplo, ao serem-lhe apresentadas oportunidades de trabalho menos interessantes ou ao ser socialmente ostracizado", diz ainda o estudo.
Para conhecerem a realidade do idadismo em Portugal foram recolhidos dados de estudos de opinião diferentes - incluindo de uma amostra representativa da população portuguesa de 1000 pessoas - e realizados mais de 20 inquéritos. A análise dos dados foi feita através de várias abordagens qualitativas e quantitativas. Este é um trabalho de David Patient (coordenador), Susana Schmitz Carla Sofia Esteves, Christin-Melanie Vauclair e Miriam Rosa.
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