É o caso do Theatro Circo, em Braga. O seu diretor artístico, Paulo Brandão, afirmou à agência Lusa que a instituição não ficou à espera das orientações do Governo, reveladas na terça-feira, e preparou a abertura da sala a partir de dia 15 de junho, com destaque para um projeto intitulado “Sete Quintas Felizes”, em sete quintas-feiras de junho e julho, que ainda está a ser finalizado.
Sobre as normas a aplicar, Paulo Brandão disse que aguardam a listagem definitiva, que contam receber até ao final da semana, mas frisou que “o bom senso é que vai ditar o que cada sala vai fazer”, para além das regras anunciadas pelo Ministério da Cultura.
Os espetáculos do ciclo “Sete Quintas Felizes” serão todos exclusivos e não irão muito além de uma hora de duração. Vão decorrer numa sala com todas as portas e janelas do Theatro abertas: “A ideia é ser com a maior leveza possível. Vai entrar o barulho da obra, da ambulância, crianças a brincar. A ideia é como se fosse um concerto cá fora”.
O objetivo é assinalar um novo recomeço para Theatro Circo: “O público que tinhas não existe mais. Existe uma memória em relação ao Theatro Circo e vamos começar de novo com as pessoas que quiserem vir”, disse o programador.
As regras para a reabertura das salas de espetáculo e espetáculos ao ar livre, divulgadas na terça-feira pelo Ministério da Cultura, exigem máscaras, lugares marcados, definição de vias de entrada e de saída, limpeza e desinfeção das instalações e recintos.
Os organizadores de espetáculos e os titulares de salas, como cinemas e teatros, têm de assegurar a existência de "planos de contingência", garantir "higienização completa das salas, antes da abertura de portas e logo após o final de cada sessão", assim como "limpeza e desinfeção periódica das superfícies", de instalações sanitárias e de "pontos de contacto”.
Da rede de exibição cinematográfica, os cinemas Ideal (Lisboa) e Trindade (Porto) já tinham anunciado que reabrem portas a 01 de junho, com programação, mas o mesmo não aconteceu ainda com as exibidoras que detêm grande parte das salas de cinema, como a NOS Cinemas, a Cineplace ou a UCI.
Em Lisboa, dos contactos feitos pela agência Lusa, o Centro Cultural de Belém remeteu para breve informações sobre as condições de reabertura dos auditórios, capacidade de assistência, regras de palco e sobre a programação, e a Fundação Calouste Gulbenkian indicou que está a fazer testes de palco com instrumentistas, remetendo para a primeira quinzena de setembro o anúncio da nova temporada de música.
De acordo com as orientações do Governo, no que diz respeito aos coros, os seus elementos “devem apresentar-se na mesma fila e garantir um distanciamento físico lateral mínimo de 1,5 metros sempre que possível”.
Os instrumentistas devem manter-se afastados "pelo menos dois metros, sempre que possível”.
Em relação às orquestras, deve ser assegurada a distância física de dois metros entre os músicos que toquem instrumentos de sopro e de 1,5 metros entre os restantes músicos. E "não é permitida a atuação da orquestra no fosso ou poço da sala”.
No Teatro Nacional de São Carlos, que tutela o coro e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, não há uma data de reabertura e “em breve” serão revelados os procedimentos de trabalho das duas formações musicais e alguma programação, disse à Lusa fonte oficial.
À agência Lusa, o promotor Vasco Sacramento, da Sons em Trânsito, que explora o Capitólio, em Lisboa, disse que abrir uma sala no dia 01 não significa ter programação, porque “a retoma da produção de um espetáculo demora meses a preparar”.
“Espero que as medidas sejam transitórias e que permitam rapidamente voltar ao trabalho. Vamos ter de nos adaptar, não vamos ter um verão normal. Temos de procurar soluções e formatos, a nossa sobrevivência depende disso”, disse Vasco Sacramento, que admitiu baixar o preço de aluguer do Capitólio e discordou da opção de aumento do preço dos bilhetes.
“Não faz sentido porque há um défice de confiança muito grande por parte dos espectadores”, disse.
Mais pessimista está o promotor Jorge Lopes, que organiza o festival Marés Vivas e explora o Super Bock Arena, antigo pavilhão Rosa Mota, no Porto.
“Não há condições para abrir a 01 de junho”, até porque o espaço está reservado para ser hospital de campanha, por causa da covid-19, até ao final de julho.
“Para programar é preciso tempo, vamos deixar para setembro, esperando que as medidas sejam aliviadas. Não é possível ter espetáculos rentáveis com a capacidade [da sala] reduzida. Se se mantiverem estas regras em setembro será muito difícil retomar atividade e os concertos reagendados para o outono terão de ser novamente adiados”, disse.
No plano de ‘desconfinamento’ faseado apresentado pelo Governo, as salas de espetáculo, teatro e cinemas são os últimos espaços culturais a reabrirem, depois de meses fechados por causa da covid-19.
A 04 de maio reabriram as livrarias, bibliotecas e arquivos, e, a 18 de maio, reabriram os museus, monumentos e palácios, galerias de arte e similares.
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