A imprensa americana é "de oposição" e "deve calar a boca", disse Steve Bannon, assessor de estratégia do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em entrevista publicada ontem no The New York Times."A imprensa aqui é o partido da oposição. Não entendem esse país. Ainda não entendem porque Donald Trump é o presidente dos Estados Unidos", atacou Bannon, ex-diretor-geral da campanha do republicano, em entrevista por telefone.
"A imprensa deveria sentir-se constrangida e humilhada, manter a boca fechada e apenas ouvir por um tempo", acrescentou Bannon, que era ele próprio responsável por um site de extrema direita, a Breitbart News."A elite da imprensa esteve redondamente enganada, 100% redondamente enganada", insistiu, referindo-se ao resultado da eleição.
Segundo este responsável, foi "uma derrota humilhante que nunca vão superar"."A imprensa tem zero integridade, zero inteligência e nenhum trabalho duro", sublinhou."Vocês são o partido de oposição", acrescentou, "não o Partido Democrata".
As declarações de Bannon, que raramente dá entrevistas, são divulgadas num momento de grande tensão entre os jornais e o novo presidente desde a sua chegada à Casa Branca, há menos de uma semana.No último sábado, em visita à sede da CIA, o 45° presidente dos Estados Unidos declarou estar em "guerra" com os media e disse que os jornalistas fazem parte "dos seres humanos mais desonestos da Terra".
Nascido em 1953 em Norfolk (EUA) numa família católica irlandesa, pró-Kennedy e democrata, Steve Bannon formou-se em 1976 na Virginia Tech em estudos urbanos, esteve alguns anos na Marinha, e prosseguiu a formação na Georgetown University. Aos 29 anos, passou a trabalhar na banca de investimento. Nos anos 80, entrou na Harvard Business School, de onde foi recrutado para a Goldman Sachs, em Nova Iorque. Mudou-se mais tarde para Los Angeles, para se especializar no entretenimento. Saiu em 1990 para criar a Bannon & Co, empresa especializada no investimento em media, com colegas da Goldman Sachs. Conseguiu clientes como o banco francês Crédit Lyonnais, a MGM, a Polygram Records ou a Westinghouse Electric.
A Société Générale adquiriu a Bannon & Co em 1998 e o agora assessor de Trump interessa-se ainda mais por Hollywood, onde já tinha marcado presença como produtor em 1991, no filme "Titus", com Anthony Hopkins. No total, foi produtor de 18 filmes e realizador de nove, nomeadamente de documentários sobre personagens como Ronald Reagan ou Sarah Palin. Neste caso, Bannon assumiu ter investido um milhão de dólares na produção de "The Undefeated", realizado sem qualquer "apoio editorial do campo de Palin".
Começou a trabalhar com Andrew Breitbart, fundador da Breitbart News Network (BNN), em 2007. Quando Breitbart morreu em Março de 2012, o seu sócio, Larry Solov e CEO da empresa, convidou Bannon para o cargo de director-geral da BNN. Assim começou a marcar presença na Breitbart Radio e a escrever editoriais no site.
A Breitbart News está em expansão para a Europa. O site tem duas versões fora dos EUA, uma em Londres e outra em Jerusalém. Agora, anuncia-se que terá localizações para a França e a Alemanha, dois países com eleições marcadas para 2017.
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