Estes dados resultam do projeto do MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) em parceria com a agência Lusa, para aferir a desinformação e os conteúdos a circular nas redes e sociais e meio ‘on-line’ no período pré-eleitoral referentes à semana de 08 a 14 de fevereiro em que não foram identificados casos relevantes de conteúdos desinformativos.
Twitter/X continua mais político
Na lista de publicações no Facebook, os primeiros lugares são ocupados pelo desporto e pela vitória de Diogo Ribeiro nos 50 metros mariposa, em Doha. As primeiras quatro consideradas políticas só aparecem depois do lugar 313 e são todas do Chega, três das quais sobre a corrupção.
No Twitter/X, que continua a ser uma rede muito politizada, na lista de 20 publicações com mais interações (soma de partilhas, comentários e “gostos”), a política é dominante a par do desporto.
“Ao contrário do que acontece noutras redes sociais, as publicações do Twitter/X com mais interações são mais frequentemente críticas do Chega e de André Ventura do que em seu apoio”, lê-se no relatório do MediaLab.
Pedro Nuno sobe no Facebook, Ventura domina no X, Instagram e TikTok
André Ventura, do Chega, continua à frente, em número de interações no Twitter/X, Instagram e TikTok, mas Pedro Nuno Santos, do PS, subiu ao primeiro lugar no Facebook, onde Luís Montenegro, do PSD, é terceiro.
Mariana Mortágua, do BE, está em segundo lugar no Instagram, seguida de Pedro Nuno Santos, e ocupa também o segundo lugar no Twitter/X, onde o terceiro posto é de Rui Tavares, do Livre.
No TikTok só estão três líderes partidários: Ventura, Pedro Nuno Santos e Inês Sousa Real, do PAN.
À excepção de duas publicações no Twitter/X, “todos os conteúdos de maior sucesso dos candidatos às eleições foram realizados na plataforma Instagram, aquela que tem proporcionado mais interações aos candidatos”, segundo o estudo.
SIC Notícias, CNN Portugal e Polígrafo à frente no Faceboook
De acordo com o estudo, SIC Notícias, CNN Portugal e Polígrafo foram as páginas de Facebook que “mais publicaram sobre os candidatos, todas acima das 100 publicações no espaço de uma semana”, pelo que as duas primeiras passaram ao 'top' 3 deste ‘ranking’.
Verificador Polígrafo à frente no Twitter/X
Esta semana no Twitter/X, o destaque é a conta do Polígrafo. Publicou muitos conteúdos sobre os candidatos, devido ao ‘fact-checking’ dos debates – 100 ao longo da semana de 08 a 14 de fevereiro - e teve 15.407 interações, mais do dobro do segundo classificado nesta lista, o Chega, com 7.461 interações.
Segundo os investigadores do MediaLab, o Twitter/X continua “a ser uma rede social muito politizada, onde o trabalho de um ‘fact-checker’ desempenha o papel de mobilizar e estimular o debate”.
SIC Notícias, CNN Portugal, Expresso e Polígrafo com mais publicações no Instagram
No Instagram, as contas que geraram mais interações com notícias sobre os candidatos é dominado pelos media, SIC Notícias, CNN Portugal, Expresso e Polígrafo, com mais publicações e mais interações. No segundo posto deste ‘ranking’, surge o partido Chega, que fez 10 publicações e gerou quase 42 mil interações.
Os investigadores do ISCTE concluem que “as contas de Instagram proporcionam às entidades e indivíduos que debatem política nas redes sociais uma plataforma mais eficiente que as outras a captar a atenção dos utilizadores”.
Twitter/X, “caixa de eco” das polémicas dos debates nas televisões
Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, e André Ventura, do Chega, acusaram-se mutuamente, num debate na televisão, em 13 de fevereiro, sobre ambos os partidos terem “terroristas” entre os seus candidatos, das FP-25, no caso do BE, do MDLP, no caso do partido de Ventura.
O “caso” teve repercussões durante e após o debate. Um dos ‘posts’ com mais visualizações, por exemplo, foi colocado pela irmã de Mariana, Joana Mortágua, com um ‘link’ para uma reportagem da Visão sobre a morte do padre Max, atribuída ao MDLP, responsável por atentados no pós 25 de Abril.
No Twitter/X, e após o debate, as interações atingiram um total de 10.024, relativamente a menções a “Diogo Pacheco de Amorim”, “MDLP” e “Padre Max”.
Já quanto “Abílio Neto” e “FP25”, mencionado por Ventura, os números são menores: 1.807 interações.
Metáforas sexuais com pouco eco no Twitter/X
André Ventura acusou o PSD de ser uma espécie de “prostituta política”, acusação que ganhou mais relevo - mais publicações e mais interações - depois do debate com Luís Montenegro. O MediaLab fez uma pesquisa de termos semelhantes (“prostituta política”, “prostituto político”, “prostituição política”, “ir para a cama com”, “na cama com”) aplicados ao discurso pré-eleitoral no Twitter/X, de 01 a 14 de fevereiro.
A conclusão dos investigadores é simples: “O total de interações sobre este tipo de discurso não é significativo.”
Metodologia utilizada pelo MediaLab
O ‘ranking’ de publicações nas quatro redes sociais (Facebook, Twitter/X, Instagram e TikTok) analisadas é obtido somando o número de interações de todos os ‘posts’ publicados a semana de 08 a 14 de fevereiro, tomando em consideração as métricas de interações disponíveis em cada plataforma. São utilizadas as ferramentas Crowdtangle e Sentione.
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