“Os palestinianos nunca deixarão Gaza, tal como nunca deixarão a Cisjordânia. Isto é importante, porque [o primeiro-ministro israelita, Benjamin] Netanyahu está a tentar fazer isto, a expulsar os palestinianos da sua terra”, afirmou o Presidente palestiniano durante o seu encontro com Putin, à margem da cimeira dos BRICS na cidade russa de Kazan.
Abbas reconheceu que o grupo islamita palestiniano Hamas assumiu o controlo do enclave em 2007, “após um golpe de Estado”, mas salientou que a Autoridade Nacional Palestiniana nunca viu Gaza “como um corpo estranho”.
“Gaza é uma parte inerente do Estado palestiniano, por isso vamos trabalhar para acabar com a ocupação israelita”, sublinhou o líder palestiniano.
Abbas voltou a descrever a guerra em Gaza como “uma tragédia” que já causou quase 43.000 mortos, mais de 100.000 feridos e 10.000 desaparecidos, além de ter destruído 70% das infraestruturas económicas e sociais do enclave.
O Presidente palestiniano apelou ainda ao cessar-fogo para possibilitar a distribuição de ajuda humanitária para “aliviar o sofrimento” dos habitantes de Gaza.
Putin recordou o encontro com o seu homólogo palestiniano em agosto passado e referiu que, desde então, “a situação na região, infelizmente, não só não melhorou como, pelo contrário, está a deteriorar-se” e a alastrar a outras zonas do Médio Oriente, como o Líbano.
“Estamos a ver tudo isto. A posição de princípio da Rússia é coerente e nada circunstancial, defendemos firmemente o fim do derramamento de sangue, o acesso da ajuda humanitária aos necessitados, apelamos à contenção de todas as partes”, afirmou.
O Presidente russo referiu ainda que “a Rússia dedica tradicionalmente uma atenção especial ao conflito israelo-palestiniano” e que “trabalhamos particularmente neste domínio no âmbito da nossa presidência dos BRICS”.
Abbas expressou a sua gratidão à Rússia pela “sua posição coerente e firme de apoio à causa palestiniana e ao nosso povo”.
O conflito israelo-palestiniano foi um dos principais temas abordados durante a cimeira de três dias dos BRICS em Kazan, onde líderes como os presidentes da China, Xi Jinping, Brasil, Lula da Silva, e Irão, Masud Pezeshkian, exigiram um cessar-fogo imediato e a retirada de Israel de Gaza.
A estes juntaram-se o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que criticou a ONU pela falta de ação no conflito, e o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, que exigiu o fim da venda de armas a Israel.
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o movimento islamita palestiniano Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250.
A guerra, que hoje entrou no 384.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 42.847 mortos (quase 2% da população), entre os quais 17.000 menores, e 100.544 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
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