A nota em causa, assinada pelos padres Alberto Gomes, José Manuel Pereira de Almeida, Ricardo Figueiredo e pelos Cónegos José Miguel Pereira e Nuno Amador, em representação do clero da Diocese de Lisboa, começa por frisar que "vivemos tempos exigentes em termos eclesiais".
"Semana após semana, surgem notícias de abusos sexuais na Igreja em Portugal. Alguns são casos já investigados, outros até já julgados; uns condenados, outros arquivados", pode ler-se.
"E, em vez de possibilitar uma maior tomada de consciência acerca do problema dos abusos sexuais na Igreja e de conduzir a um debate sério sobre o clericalismo (como o Papa Francisco já indicava na carta enviada ao Povo de Deus sobre os abusos sexuais, abusos de poder e abusos de consciência, em 20 de agosto de 2018), a dinâmica mediática transformou tudo em mais um 'caso'".
O documento do Secretariado Permanente do Conselho Presbiteral nota ainda que a Igreja — e o Patriarcado de Lisboa — está "num caminho de conversão para que crimes destes nunca mais sejam encobertos, e que, de futuro, preventivamente, tudo se faça para que eles não se repitam".
De seguida, é manifestado apoio ao Cardeal Patriarca. "Queremos contar com o nosso Patriarca, Cardeal Manuel Clemente, como contámos até aqui. Para que, em comunhão com ele, nos anime a irmos mais além no serviço ao Povo que nos é confiado e na procura da verdade e da justiça que o anúncio do Evangelho comporta".
"Confiamos a Deus o nosso Patriarca Manuel, para que Ele o abençoe e fortaleça, em todas as circunstâncias da sua vida. O cuidado materno de Nossa Senhora não lhe há de faltar", rematam.
Esta nota surge depois de se saber que D. Manuel Clemente foi recebido pelo Papa Francisco “em audiência privada”.
“O encontro, pedido pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, realizou-se num clima de comunhão fraterna e num diálogo transparente sobre os acontecimentos das últimas semanas que marcaram a vida da Igreja em Portugal”.
Esta deslocação surge na sequência da notícia do Observador que referia que o atual Cardeal Patriarca de Lisboa “teve conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado e chegou mesmo a encontrar-se pessoalmente com a vítima, mas optou por não comunicar o caso às autoridades civis e por manter o padre no ativo com funções de capelania”. O caso remonta a 1999.
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