Contactado pela agência Lusa, o porta-voz da ULSNA, Ilídio Pinto Cardoso, disse que a administração daquela unidade hospitalar vai avançar com o inquérito e tomar uma posição sobre este caso “mais tarde”. A administração da ULSNA está reunida esta manhã, com caráter de urgência, para analisar esta situação.
A Ordem dos Médicos (OM) defendeu hoje que a morte do recém-nascido no hospital de Portalegre, por “alegada falha” no socorro, deve ser “rapidamente investigada e esclarecida”, por configurar “uma situação muito grave”.
“A morte deste bebé tem de ser investigada até às últimas consequências para que todas as possíveis falhas sejam rapidamente corrigidas e a confiança da população na resposta de emergência seja restabelecida”, disse o bastonário da OM, Miguel Guimarães, em comunicado.
No comunicado, a Ordem dos Médicos aludiu às “informações vindas a público sobre a morte de um recém-nascido que acabou por ser transportado para o hospital de Portalegre pelos bombeiros sem ter sido assistido” pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Esta situação, caso se tenha verificado, configura “uma situação muito grave e que deve ser rapidamente investigada e esclarecida”, pode ler-se no comunicado.
A OM referiu que já “por diversas vezes” alertou “que a Emergência Médica Pré-Hospitalar representa uma área fulcral para o sucesso do sistema de saúde” nacional e que “qualquer disrupção no funcionamento deste sistema pode ter consequências negativas e imprevisíveis”.
“Temos conhecimento de vários buracos nas escalas das equipas médicas de suporte avançado de vida em várias zonas do país”, das equipas que integram as VMER e que “devem ser acionadas para situações mais delicadas, como a de Portalegre, pelo que nenhuma falha é admissível”, argumentou o bastonário da OM, afirmando que se trata de "uma área em que não podem ser permitidas falhas conjunturais, mas ainda menos estruturais”.
A OM lembrou que esta notícia “surge apenas uma semana depois de o bastonário ter enviado um ofício ao presidente do INEM, precisamente pelas centenas de horas que as VMER estavam inoperacionais”, e, agora, Miguel Guimarães “vai voltar a questionar o presidente do INEM sobre estas falhas”.
“Miguel Guimarães pediu as escalas de todo o país nos últimos seis meses e questionou o que está a ser feito para ultrapassar os constrangimentos que colocam em causa o socorro imediato a muitos portugueses”, mas esse ofício “ainda não mereceu resposta”.
Segundo a OM, “é crítico conhecer as escalas e cruzar esses mesmos dados com o número de casos em que o apoio das equipas das VMER era o mais adequado, mas que não foi acionado por falta de meios”.
A revista Sábado noticiou a morte de um bebé de oito dias, na quinta-feira, no hospital de Portalegre, “por falta de socorro médico”.
Segundo a respectiva notícia, “o socorro foi pedido pelo pai da criança e os bombeiros foram acionados às 09:33”, depois de o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ter dito que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) “do hospital de Portalegre não estava operacional”.
A publicação apurou ainda, junto de fontes do CODU, que a VMER “a viatura médica de emergência não estava disponível às 20:00 desta quinta-feira por falta de médico para a tripular”.
A informação foi “confirmada pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Portalegre”, Pedro Bezerra, que afirmou que, num caso como este, "é evidente que o apoio médico teria decidido a situação".
"Os meus homens fizeram manobras de reanimação cardiorrespiratória no local e até chegar ao hospital, mas não foram suficientes", acrescentou o comandante.
A revista sublinhou ainda que as circunstâncias da morte “ainda são desconhecidas” e que, no pedido de socorro, os bombeiros “foram apenas informados” de que o bebé "estava mal".
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que aciona a VMER, está a apurar o sucedido, avançou também a Sábado.
A Lusa contactou hoje o INEM, mas está a aguardar ainda esclarecimentos sobre esta situação.
[Notícia atualizada às 12:11]
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