Nascida em Faro, a 12 de setembro de 1937, Teresa Rita Lopes foi uma das investigadoras mais dedicadas aos estudos pessoanos e também autora de poesia, contos e peças de teatro, tendo conquistado vários prémios ao longo da carreira, indicam os dados biográficos do ‘site’ da Presença.

Entre 1963 e 1982 viveu em Paris, França, onde foi professora na Universidade da Sorbonne Nouvelle e onde defendeu a tese de doutoramento intitulada “Fernando Pessoa e o drama simbolista – herança e criação”.

A autora algarvia deixou o país em 1963, quando estava a ser perseguida pela PIDE, polícia política da ditadura, exilando-se em França, até regressar para se dedicar ao estudo de milhares de documentos do espólio de Fernando Pessoa, numa altura em que o poeta ainda era pouco conhecido internacionalmente.

Teresa Rita Lopes tomou a seu cargo a realização de novas edições da obra pessoana, editando múltiplas obras do universo do poeta que morreu em 1935.

A escritora ficou conhecida por, durante o período do Estado Novo, ter contribuído para impedir que o espólio do escritor saísse do país para ser vendido em Inglaterra, como relatou numa entrevista ao Postal do Algarve em 2020, na qual sublinhou: “Ainda há muito de Pessoa para dar a conhecer”.

No percurso de Teresa Rita Lopes destacam-se títulos como “Cicatriz” (1996, Prémio Eça de Queirós), “Os Dedos os Dias as Palavras” (1987), e “Estórias do Sul” (2005).

Foi também professora catedrática de Literaturas Comparadas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e codiretora da revista de poesia de língua portuguesa Orion.

Outros galardões atribuídos à poeta e ensaísta foram o Prémio Cidade de Lisboa (1988 para poesia), o Prémio Pen Club (1990, ensaio), o Grande Prémio de Ensaio Unicer/Letras e Letras (1989, ensaio) e o Prémio de Teatro Associação Portuguesa de Escritores 2001.

Na área do teatro deixa mais de 20 peças escritas, sendo algumas delas premiadas, mas apenas quatro publicadas até agora, segundo a Fundação Manuel Viegas Guerreiro, com sede em Querença, Loulé, que recordou a homenagem feita em 2017, durante o Festival Literário Internacional de Querença, e sublinhando as “qualidades humanas e intelectuais” de Teresa Rita Lopes.

De acordo com a fundação, o velório da autora está marcado para as 15h30 de hoje na Igreja Nossa Senhora Fátima, no Feijó, saindo o funeral na terça-feira, às 13h00 para cremação no Cemitério de Vale Flores na mesma localidade do concelho de Almada.

Numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa manifesta pesar pela sua morte e recorda o seu percurso enquanto "académica, investigadora, escritora premiada em vários géneros, e uma das mais distintas e ativas pessoanas".

"Exilada em Paris em 1963, foi professora na Sorbonne e doutorou-se com a tese «Fernando Pessoa e o Drama Simbolista», numa época em que o poeta não tinha ainda a irradiação internacional que hoje conhecemos", lê-se na nota.

Na mesma nota, refere-se que, regressada a Portugal, Teresa Rita Lopes "estudou aturadamente o espólio do escritor (a famosa «arca»), milhares de documentos decisivos, relevantes ou triviais, mas todos significativos, estudando a caligrafia, as versões, os heterónimos, e organizando novas edições de Pessoa seguindo as suas descobertas".

"Além de outros trabalhos universitários e literários, a Teresa Rita Lopes devemos, como a poucos, o conhecimento do nosso maior poeta contemporâneo", acrescenta-se.