Panzeri e Kaili foram ambos acusados de corrupção por terem alegadamente recebido subornos do Qatar e talvez de outros países para condicionar decisões económicas da União Europeia.
Uma operação policial realizada na semana passada na Bélgica permitiu apreender cerca de 1,5 milhões de euros em dinheiro nas casas de Kaili e de Panzeri e numa mala que estava na posse do pai da ex-eurodeputada grega, entretanto afastada do seu cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu.
A edição de hoje do jornal Le Soir, que refere ter tido acesso à investigação, diz que Eva Kaili admitiu aos investigadores que pediu ao seu pai para esconder parte dos milhares de euros que estavam na sua casa, tendo uma mala com dinheiro sido levada para o hotel Sofitel, onde estava alojado o progenitor da eurodeputada.
No entanto, o advogado da eurodeputada, Michalis Dimitrakopoulos, afirmou ao portal de internet Kathimerini que Eva Kaili remeteu a responsabilidade para Antonio Panzeri.
Eva “Kaili nunca admitiu ter pedido ao seu pai para retirar o dinheiro [da sua casa] e escondê-lo”, assegurou Dimitrakopoulos, acrescentando que a ex-eurodeputada “só soube da existência do dinheiro momentos antes das buscas e pediu a sua devolução imediata ao dono, o senhor [Antonio] Panzeri”.
Um tribunal da cidade italiana de Bréscia adiou hoje a tomada de decisão sobre um pedido dos procuradores de justiça belgas para extradição da filha de Panzeri, Silvia, também associada ao escândalo de alegada corrupção.
O tribunal aceitou uma petição apresentada pela defesa para que a decisão seja tomada apenas depois de uma avaliação às condições das prisões belgas, pelo que o processo foi adiado até 03 de janeiro.
Os advogados apresentaram um pedido semelhante relativamente à extradição da mulher de Panzeri, Maria Dolores Colleoni, mas essa petição foi rejeitada na segunda-feira, tendo a expulsão sido aprovada por existirem “provas sérias de culpa”.
A ex-eurodeputada socialista grega está detida há mais de uma semana, estando agendada para quinta-feira uma audiência no tribunal de primeira instância de Bruxelas para decidir se se mantém em prisão preventiva.
As autoridades judiciais já ordenaram que sejam mantidos em prisão preventiva os outros dois acusados no âmbito do escândalo — o companheiro de Eva Kaili, Francesco Giorgi, que já reconheceu, em declarações à polícia, a sua participação no esquema de corrupção, e o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri.
Francesco Giorgi, a quem o tribunal confirmou a prisão preventiva no dia 14, confessou, perante o juiz de instrução, a sua participação numa organização que alegadamente recebia subornos do Qatar e de Marrocos para ter benefícios políticos e económicos na União Europeia (UE).
Os investigadores consideraram o ex-eurodeputado socialista Pier Antonio Panzeri como o líder do esquema, referindo que terá usado a organização não-governamental (ONG) Fight Impunity (Lutar Contra a Impunidade, na tradução em português) para chegar a eurodeputados e membros “honorários”, incluindo o ex-comissário europeu das Migrações e Assuntos Internos, o grego Dimitris Avramopoulos, e a ex-alta representante da UE para a Política Externa, a socialista italiana Federica Mogherini.
Além disso, de acordo com o jornal Le Soir, tanto Giorgi quanto Panzeri referiram, nas suas declarações, o envolvimento do eurodeputado socialista belga Marc Tarabella, que já foi interrogado pela polícia e teve a sua casa revistada, mas que permanece em liberdade.
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