“A atribuição de ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia, a Israel e a Taiwan vai agravar as crises mundiais: a ajuda militar ao regime de Kiev é um apoio direto às atividades terroristas; a Taiwan, uma ingerência nos assuntos internos da China; a Israel, uma via direta para um agravamento sem precedentes da situação na região”, criticou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, na plataforma digital Telegram.

Logo a seguir à aprovação no Congresso norte-americano da ajuda à Ucrânia no valor de quase 61 mil milhões de dólares (cerca de 57 mil milhões de euros) — há muito pedida pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que a saudou declarando que “salvará milhares e milhares de vidas” -, o Kremlin reagiu afirmando que ela “vai matar ainda mais ucranianos por causa do regime de Kiev”.

“A decisão de fornecer uma ajuda à Ucrânia era esperada e previsível. Ela vai enriquecer ainda mais os Estados Unidos da América e arruinar ainda mais a Ucrânia, matando ainda mais ucranianos por causa do regime de Kiev”, sustentou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, citado pela agência noticiosa estatal TASS.

O texto apresentado na quarta-feira na câmara baixa do Congresso norte-americano prevê quase 14 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros) para treinar, equipar e financiar o Exército ucraniano.

Cerca de 10 mil milhões de dólares (9,3 mil milhões de euros) de assistência económica dedicada aos setores da energia e das infraestruturas serão enviados sob a forma de empréstimo.

O plano de ajuda autoriza também o Presidente norte-americano, Joe Biden, a confiscar e vender bens russos, para que possam ser usados para financiar a reconstrução da Ucrânia – uma ideia que também está a ganhar terreno noutros países do G7 (grupos dos países mais industrializados do mundo, que inclui, além dos Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido, e ainda uma representação da União Europeia).

O diploma em debate no Congresso norte-americano prevê igualmente 13 mil milhões de dólares (cerca de 12 mil milhões de euros) de assistência militar a Israel, aliado histórico dos Estados Unidos, em guerra há mais de seis meses com o movimento islamita palestiniano Hamas, na Faixa de Gaza.

Esse dinheiro servirá nomeadamente para reforçar o escudo antimísseis israelita, o “Iron Dome” (“Redoma de Ferro”).

Mais de nove mil milhões de dólares (8,4 mil milhões de euros) destinam-se, por outro lado, a “responder às necessidades urgentes de ajuda humanitária em Gaza e de outras populações vulneráveis no mundo”, segundo um resumo do documento.

O projeto proíbe, em contrapartida, qualquer financiamento direto dos Estados Unidos à Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos, a UNRWA, depois de Israel ter acusado alguns dos seus trabalhadores de envolvimento no atentado de 07 de outubro do ano passado, perpetrado pelo Hamas.

Tal como Biden tinha pedido, o texto consagra mais de oito mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros) para os Estados Unidos fazerem frente à China no plano militar, investindo em submarinos, e no plano económico, competindo com os grandes projetos chineses nos países em desenvolvimento.

Vários milhares de milhões de dólares são ainda destinados a apoiar Taiwan, uma ilha de 23 milhões de habitantes que a China considera uma das suas províncias.