A vítima, um dos menores que sofreram abusos por parte do cardeal em 1996, começou a drogar-se e morreu em 2014 de overdose.
O pai do falecido disse - em entrevista exclusiva à ABC News, a ser transmitida hoje na Austrália - que teve conhecimento dos abusos sexuais do cardeal ao seu filho depois da sua morte e quando foi uma apresentada queixa contra Pell.
“Foi devastador ver o meu filho numa espiral (de autodestruição). Foi muito difícil de ver", acrescentou a mãe, que disse ter perguntado ao filho, em pelo menos duas ocasiões, se tinha sido vítima de abuso sexual, embora este nunca tenha revelado o que aconteceu.
O pai da vítima disse que planeia processar o cardeal de 77 anos ou a Igreja Católica pelos danos causados ao seu filho.
A sentença do cardeal Pell será lida a 13 de março e os seus advogados já adiantaram que irão recorrer da condenação. De acordo com a Associated Press, o cardeal agora com 77 anos, mas com 55 no momento dos factos pelos quais foi condenado, enfrenta uma pena de prisão máxima de 50 anos.
O júri condenou o clérigo por pedofilia, considerando-o culpado de ter abusado dois rapazes de 13 anos, que pertenciam ao coro da igreja. Os jovens terão sido apanhados pelo cardeal a beber vinho sacramental numa sala nas traseiras da St. Patrick’s Cathedral, em Melbourne, quando era arcebispo, tendo os abusos decorrido na sequência desse momento.
O tribunal, que apenas ouviu uma das vítimas, uma vez que a outra morreu há alguns anos, considerou provado que o cardeal forçou os rapazes a atos indecentes.
O veredito foi dado perante o juiz Peter Kidd, do Tribunal de Comarca do Estado de Victoria. em dezembro e noticiado pela imprensa australiana, apesar das restrições impostas.
O julgamento, as acusações específicas, o testemunho e quase todos os outros detalhes envolvendo as acusações contra o cardeal de 77 anos não puderam ser divulgados por decisão do tribunal, que proibiu a imprensa australiana de noticiar.
Desde agosto de 2017 que o cardeal australiano enfrenta um processo por supostos crimes sexuais contra menores. Em dezembro de 2018, o papa afastou George Pell do seu círculo de conselheiros, assim como o cardeal Francisco Errázuriz, suspeito de encobrir atos pedófilos de um eclesiástico no Chile, e expulsou do sacerdócio o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington, Theodore McCarrick, acusado de abusos sexuais a menores e a seminaristas.
A confirmação da condenação de Pell surge dias depois de ter terminado no Vaticano uma cimeira histórica organizada a pedido do papa Francisco para abordar a questão dos abusos sexuais por membros da igreja católica. A cimeira, que juntou responsáveis de episcopados e institutos religiosos e na qual também se ouviram testemunhos de vítimas, terminou com a apresentação de oito passos para a luta contra esses abusos.
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