Alexandra Leitão reuniu-se hoje com a comissão política concelhia do Porto socialista para falar sobre o Orçamento do Estado (OE) para 2025.

"Ao nível da saúde temo que estejamos a assistir a um descalabro (…) não há nenhuma medida para parar a perda de profissionais de saúde para o setor privado, designadamente médicos, que era uma das propostas apresentadas pelo PS em sede de conversações com o Governo na fase anterior à entrega do orçamento", começou por dizer a deputada socialista.

Reportando-se à proposta do Governo na área da Saúde, denunciou que "há benefícios fiscais constantes da lei do orçamento para seguros privados de saúde", defendendo "que não vale a pena [ao Governo] dizer que há quatro milhões de seguros de saúde porque representam menos de 5% da despesa em saúde".

"É tirar dinheiro do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para os seguros privados, é não estancar, pelo contrário, a saída de profissionais de saúde, sobretudo de médicos e não sabemos muito bem o que vai acontecer com o cheque consulta, mas a via é sempre esta", continuou Alexandra Leitão.

Mantendo o foco sobre o ministério gerido por Ana Paula Martins, a dirigente socialista foi sintética na análise: "Tem havido incompetência na gestão da saúde".

E prosseguiu: "Toram as urgências no verão, muito pior do que alguma vez tinha acontecido noutros verões com governos do PS e é hoje a situação do INEM, que é gravíssima".

Aludindo ao facto de a ministra ser ouvida terça-feira na Assembleia da República, a líder parlamentar socialista aconselhou a governante que "não vale a pena acenar problemas estruturais que possa haver, porque o que está em causa é a gestão de uma situação de greve de que a ministra foi avisada e não atuou e, sem querer antecipar-me porque há inquéritos a decorrer, mas temos seguramente situações de perda de vida em função disto, sem prejuízo o nexo de causalidade ainda estar por determinar".

"A responsabilidade sobre o que está a acontecer no INEM recai diretamente sobre a ministra da Saúde e sobre o primeiro-ministro que perante esta situação preferiu contratar uma agência de comunicação, como se o problema fosse de comunicação", acrescentou.

Mantendo o tom crítico, Alexandra Leitão insistiu que a Saúde está "numa situação de emergência e as medidas que estão a ser tomadas são as erradas".

"A Saúde era uma área, assim como a Educação, onde em campanha eleitoral a AD tinha dito que em 60 ou 90 dias resolvia tudo. Era evidente que não o iriam conseguir fazer, mas a verdade é que naqueles primeiros dois meses de 'powerpoint' e pacotes e pacotinhos (…) nem mesmo as medidas de curto prazo, nenhuma delas está a ser cumprida", assinalou.

Mesmo aquela medida, na área da Saúde que supostamente está a correr bem, apontou a dirigente socialista referindo-se às "cirurgias oncológicas", na verdade "com o apagão que acontece hoje no Portal da Transparência não podemos ter a certeza do que se está a passar. Uma coisa é as intervenções serem marcadas outra é saber se efetivamente se realizaram", disse.