O cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Lisboa disse que “a direita está num período que, não se pode negar, só pode ser de alguma desorientação”, sustentando que, hoje em dia, praticamente tudo se põe em causa, até o próprio lugar da condição humana.
“No próprio processo eleitoral atual, nós vemos algo que nunca vimos, que é a discussão até do papel e do lugar das pessoas, dos animais e da natureza, de um modo que nunca nos passou pela cabeça poder ouvir. Chegamos ao ponto de ouvir propostas de um serviço nacional de saúde para os animais, que eu não vou pôr em causa, e de esquecermos muito o caos a que chegou o Serviço Nacional de Saúde para as pessoas. Isto tudo diz muito do ponto a que chegamos”, afirmou.
A questão que se coloca, continuou, é saber qual vai ser a posição da direita em tudo isto.
“Porque Portugal vive um duplo embuste no sistema político atual. Temos uma maioria que se assume como tal de vez em quando e que agora como está em período eleitoral leva a cena uma peça de teatro fingindo constantemente que não é maioria e que estão zangados uns com os outros – veremos depois das eleições de 06 de outubro. E ao mesmo tempo, eles fazerem de conta que não são de esquerda”, defendeu.
“Eu já dei comigo a pensar: bem que avisado que fui, em sair de onde saí. A senhora Catarina Martins já diz que é social-democrata”, ironizou.
Para o líder do Aliança, não é a economia que separa “verdadeiramente” a esquerda e a direita, basta ver o caso português.
“Como é que a direita há de navegar neste mundo em que o PCP e o Bloco de Esquerda apoiam quatro orçamentos respeitadores dos compromissos com Bruxelas. Como é que é possível?”, questionou, assumindo, contudo, que a direita não teve força suficiente para “desmascarar isto”.
Então onde é que a direita se distingue, perguntou, salientando que afirmação dos princípios éticos e morais é hoje “muito difícil”.
“Os partidos novos, e que se confessam liberais, é raro o partido que aparece que quer respeitar os princípios e tradições da sociedade em que se insere. São liberais (…) Pode dizer-SE que da destruição desta direita, ressurgirá uma outra? Mas qual, se o que se passou foi tão grave, durante todos estes anos. Onde esteve essa direita?”, questionou.
Santana Lopes falava no Porto, num debate sobre o futuro da direita promovido pelo grupo informal “Domínio Público” onde marcaram presença o historiador Jaime Nogueira Pinto, o presidente da Juventude Popular (JP), Francisco Rodrigues dos Santos, e o antigo líder do CDS-PP, Manuel Monteiro.
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