Melhor gestão, é esta a chave para um melhor Sistema Nacional de Saúde. Que, ao contrário do que muitos afirmam vezes sem conta, é misto, não é público. É para o presidente da SEDES, Álvaro Beleza, e para o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, é assim que deve ser, tudo bem articulado.
Os dois médicos, embora de especialidades diferentes, concordam com o diagnóstico, "Portugal tem um SNS robusto quando comparado com outros países europeus com maior poder económico", mas o sistema de saúde, que é misto - público, privado e social -, "tem de se articular melhor para que os utentes possam beneficiar".
Se os salários dos médicos devem ser mais altos? Claro que sim, "somos dos poucos países em que as remunerações dos médicos não são equivalentes às dos juízes", nota Miguel Guimarães. Não é preciso pagar os mesmos que os públicos, mas para manter os jovens médicos e enfermeiros no país, é preciso estar do lado deles, tratá-los com "reconhecimento e carinho". "A escravatura médica tem de acabar", afirma.
Álvaro Beleza compara com uma equipa de futebol: "No balneário, os jogadores têm de estar do lado do treinador" para o jogo correr bem. Cerca de 40% dos médicos que se formam no SNS não aceitam ficar no público. "Atiram a toalha ao chão", avança Miguel Guimarães. "Uma coisa é protestar, outra é desistir".
O bastonário da Ordem dos Médicos diz que o problema é que "o Serviço Nacional de Saúde funciona exatamente como há 42 anos. Se fossemos uma empresa, já tínhamos ido à falência".
"É preciso que o SNS esteja no século XXI. Temos administradores a mais e gestão a menos". Uma vez mais, o diretor de Serviço de Sangue do Hospital de Santa Maria, concorda. "Num hospital grande há mais administradores do que no grupo Sonae. Não faz sentido".
Uma conversa onde se fala nas falhas do SNS e se apontam caminhos para as resolver. Para que o sapo não sejam os utentes.
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