A proposta sugere ainda ao executivo municipal, sob presidência de Carlos Moedas (PSD), que envolva o Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) nas demais fases do processo de instalação do Museu do RSB e que procure dinamizar este equipamento nas suas diversas valências.
Em reunião plenária da assembleia municipal, a recomendação para que se instale o Museu do RSB foi aprovada com a abstenção de PSD, PPM, CDS-PP e Chega, e os votos a favor de BE, Livre, PEV, PCP, dois deputados independentes do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PS, PAN, IL e MPT.
Com igual votação, os deputados recomendaram à câmara que “dialogue com o RSB no sentido de colmatar definitivamente as necessidades de EPI [equipamento de proteção individual] e viaturas”.
O PS sugeriu ainda que o executivo municipal promova “todos os esforços necessários para a concretização, no imediato, das obras consideradas mais urgentes para a reabilitação e conservação dos quartéis, comprometendo-se à realização destas intervenções”, disponibilizando à assembleia um calendário detalhado das intervenções a realizar, com as respetivas datas de conclusão.
Essa recomendação foi viabilizada com os votos contra de PSD e PPM, a abstenção de CDS-PP e Chega, e os votos a favor de BE, Livre, PEV, PCP, dois deputados do Cidadãos Por Lisboa, PS, PAN, IL e MPT.
Na apresentação da proposta, o deputado do PS Miguel Belo Marques recordou o recente alerta do presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS), Ricardo Cunha, para a existência de quartéis sem condições de salubridade, sem climatização e até em risco de ruína.
Também a propósito da intervenção do presidente do SNBS, o deputado do PS sublinhou que “o RSB é detentor do maior espólio museológico do país e não existe na cidade um museu digno para os expor”, estando este património “em risco”.
Do grupo municipal do PCP, Fernando Correia disse que esta recomendação “é de uma grande hipocrisia”, porque pede o que o PS não fez em todos os anos em que esteve à frente da câmara e dos destinos da cidade, referindo que vota a favor para “que se faça o que não foi feito”.
Cláudia Madeira, do PEV, salientou aspetos “no mínimo incoerentes”, lembrando que no anterior mandato o PEV apresentou uma recomendação por mais investimento no RSB, que contou com a abstenção do PS, em que se propunha a resolução de vários problemas como a falta de condições nos quartéis, a falta de viaturas e EPI, o necessário reforço do mapa de pessoal e o museu do RSB.
“Sobre o museu, estranhamos ou talvez não que nada seja dito por parte do PS sobre a causa para hoje não haver esse espaço, mas recordamos que em 2015 este museu, assim como o quartel de Carnide, foi demolido devido à expansão do Hospital da Luz”, apontou a deputada do PEV, referindo que quase 10 anos depois o espólio continua dividido por vários espaços e nalguns casos sem condições para a sua preservação.
Da Iniciativa Liberal (IL), Rodrigo Mello Gonçalves sublinhou que os problemas mencionados na proposta do PS já têm todo um historial, considerando que é “uma recomendação de arrependimento, arrependimento daquilo que não fizeram quando estavam na câmara municipal”.
Francisco Domingues, do PSD, também lembrou que foi o PS que decidiu demolir o então museu do RSB que estava instalado no quartel no Colombo, espaço que foi utilizado para a expansão do Hospital da Luz.
Do partido Chega, Bruno Mascarenhas acusou o PS de “absoluta hipocrisia” ao esquecer os 14 anos de má governação que teve na cidade.
Justificando a abstenção, Gabriel Baptista Fernandes, do CDS-PP, dirigiu-se ao PS para afirmar que “é preciso ter descaramento e despautério para vir falar de novas instalações para o museu do bombeiro que em tempos esteve instalado num quartel quase novo do RSB”.
“A abstenção do CDS constitui um protesto à aparente bondade que o PS quer fazer passar com esta recomendação, na sua constante propaganda, que não passa de propaganda […] parece que o PS não é muito dado ao arrependimento, das trapalhadas que faz, das obras que não faz e das promessas que não cumpre”, declarou.
Em resposta, o deputado do PS Miguel Belo Marques reconheceu que o museu estava num quartel que foi demolido, mas sublinhou que o atual executivo, sob liderança de PSD/CDS-PP, já está em funções há mais de dois anos e a situação mantém-se por resolver.
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