“A onda de violência das forças de segurança – assassinatos, violações, tortura, destruição por fogo e fome induzida – não é obra de apenas alguns soldados ou de pequenas unidades”, disse Matthew Wells, investigador da AI, em defesa do novo relatório da ONG.
Segundo Wells, “há muitas indicações de que estes atos são parte de um ataque sistemático e perfeitamente orquestrado contra a população Rohingya”.
Para este novo relatório de 186 páginas, a ONG entrevistou mais de 400 testemunhas entre setembro de 2017 e junho de 2018 no Bangladesh e na Birmânia.
De acordo com a agência noticiosa France-Presse (AFP), o documento traz novas informações sobre a hierarquia militar birmanesa e o destacamento de tropas, bem como de prisões, desaparecimentos forçados e atos de tortura.
Segundo a AI, o alto comando militar colocou na linha de frente as “mais poderosas unidades de combate”, conhecidas por já terem cometido abusos, uma decisão que “teve consequências catastróficas para a população Rohingya”.
O chefe do Exército Min Aung Hlaing e outros funcionários foram pessoalmente à área antes e durante a campanha de limpeza étnica para supervisionar parte da operação, refere ainda o documento.
O relatório chega poucos dias depois do anúncio de sanções pela União Europeia e pelo Canadá contra sete autoridades de segurança birmanesas, que, a seu ver, são responsáveis por graves violações dos direitos humanos contra os Rohingya.
A Birmânia, de maioria budista, não reconhece a cidadania aos Rohingya, muçulmanos, e submete-os desde há décadas a todo o tipo de discriminações, incluindo restrições à liberdade de movimentos e ao acesso ao mercado de trabalho.
O êxodo dos Rohingyas teve início em meados de agosto, quando foi lançada uma operação militar do exército birmanês contra o movimento rebelde Exército de Salvação do Estado Rohingya, devido a ataques da rebelião a postos militares e policiais.
Perto de 700 mil Rohingyas estão refugiados no território do Bangladesh.
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