"O pedido de licenciamento refere-se à ampliação da pedreira já existente e isso gera opiniões contraditórias", declarou à Lusa a presidente da Junta, Susana Mortágua, com base no trabalho de auscultação da comunidade já desenvolvido por uma comissão da Assembleia da União de Freguesias de Pinheiro da Bemposta, Travanca e Palmaz.
"Os moradores mais próximos da pedreira dizem que os aspetos prejudiciais existentes são suportáveis, o que se percebe ao ter em conta que muitos deles até trabalham lá e receiam pelos seus empregos, e outras pessoas queixam-se da qualidade da água, das explosões, de estragos nas casas, etc.", explicou a autarca do CDS-PP.
No caso da água, a crítica prende-se com o depósito de minérios e outras substâncias libertadas pelas detonações nos lençóis freáticos e linhas de superfície. Susana Mortágua admitiu que haverá avaliações regulares à qualidade da água, mas diz que, "segundo os moradores, a [administração da] pedreira sabe dessas análises com antecedência", pelo que evita atividades que possam prejudicar os resultados e se perde assim o efeito-surpresa necessário para testes rigorosos.
Já no caso das explosões, "só acontecem de vez em quando", mas, além do impacto sonoro, terão também o efeito indesejável de "libertar poeiras e causar brechas em alguns edifícios" na vizinhança. "Há um proprietário, por exemplo, que teve danos na sua habitação, mas não conseguiu ser ressarcido por esses estragos", contou a presidente da Junta.
Pesando todos esses aspetos, a autarca reconhece que "a ampliação da pedreira pode ser importante para as empresas que se servem dela", mas defende que é preciso proceder a uma "fiscalização séria" para garantir "qualidade da água, verificar ruídos, evitar poeiras e assegurar que sejam reparados os danos provocados nas casas".
Para o Bloco de Esquerda, que integra a Assembleia de Freguesia do Pinheiro da Bemposta, deve ser rejeitado qualquer pedido de licenciamento para uma nova pedreira ou ampliação da atual.
"Tendo em conta que neste local há muitas casas e que a exploração de uma pedreira nunca é inócua para a qualidade de vida e para a saúde das pessoas que vivem junto à mesma, o BE considera que não deve ser autorizada a instalação de mais nenhuma pedreira [na freguesia]", defende o partido, em comunicado.
"Mais do que isso, o Governo e a autarquia local devem obrigar a que a atual pedreira aplique uma série de medidas para reduzir o impacto da sua atividade, porque as areias e massa de betão betuminoso aí depositadas são transportadas pelo vento, depositam-se nas casas e são inaladas pela população", realça o mesmo documento.
Além disso, "como os acessos à pedreira não têm bermas nem formas de escoar as águas pluviais, quando chove o pó de pedra e as lamas descem pela rua e entram pelas habitações".
Para mitigar os efeitos negativos da atividade na pedreira o BE propõe assim três medidas: "criar condições para o armazenamento das areias, do betuminoso e da pedra transformada no local; erguer uma barreira arbórea que proteja as populações das areias levadas pelo vento; e melhorar as estradas de acesso à pedreira, evitando as escorrências de águas e de lamas".
Contactada pela Lusa, a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis não prestou, em tempo útil, esclarecimentos sobre o referido pedido de licenciamento nem sobre as medidas em curso para atender às queixas da população e minimizar as más consequências da exploração da pedreira atual.
A Lusa também tentou ouvir a administração da construtora Manuel Francisco de Almeida, proprietária da pedreira do Pinheiro da Bemposta, mas as chamadas não foram atendidas.
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