Em declarações após um Conselho de Assuntos Gerais, no qual os 28 abordaram “a questão da desinformação e de como combatê-la agora neste período sobretudo que antecede as eleições europeias”, Ana Paula Zacarias sublinhou a importância de a UE se preparar, em articulação com diversos atores, para detetar e eliminar rapidamente “ataques estratégicos” com vista a influenciar os resultados eleitorais em maio próximo.
“Uma coisa é haver uma opinião, e a opinião é respeitável. Outra coisa é haver um ataque vicioso com uma notícia que é falsa, ou reproduzindo factos que não são verídicos, e utilizar isso para que dessa maneira se influencie a predisposição das pessoas para votarem neste ou naquele partido, nesta ou naquela linha, ou ser mais eurocéticos e votarem contra a UE”, afirmou a secretária de Estado.
O combate à desinformação implica uma série de ações coordenadas em diversas frentes, apontou, uma das quais a ciberdefesa, o que exige “coordenar o trabalho que os Estados-membros estão a fazer nesta área, e também trabalhar com outros parceiros, como a NATO, para evitar ataques cibernéticos”.
“O Serviço Europeu de Ação Externa tem três centros estratégicos que estão a trabalhar sobre esta questão – o centro estratégico leste, o centro sul e o centro estratégico dos Balcãs -, e a nossa ideia é que estes centros sejam equipados ao nível de recursos humanos e financeiros necessários para poder efetivamente cumprir a sua missão”, disse.
Ana Paula Zacarias considerou também “um elemento muito importante” o código de conduta que foi adotado na sequência de uma proposta da Comissão Europeia relativamente a uma abordagem europeia e instrumentos de autorregulação para combater a desinformação em linha, e que “já foi subscrito em outubro por plataformas como a Facebook, o Google, o Twitter e o Mozilla”, e outras associações de profissionais, das plataformas em linha e da indústria publicitária.
Quanto ao plano de ação proposto pelo executivo comunitário em dezembro passado, a secretária de Estado sublinhou que o grande objetivo é “assegurar uma deteção mais eficaz destes ataques estratégicos dirigidos a criar ‘fake news’ e desinformação, formular uma resposta rápida, coordenada, que desative este tipo de respostas, e criar com os signatários do código de conduta uma plataforma que permita trabalhar efetivamente em conjunto com estes grandes atores destes serviços em linha”.
Por fim, Ana Paula Zacarias considerou também “muito importante sensibilizar os cidadãos” para o fenómeno da desinformação, considerando fundamental “fazer com que o jornalismo de qualidade esteja ao serviço de todos e fazer com que haja mais literacia mediática”.
A nova presidência romena do Conselho da União Europeia assumiu hoje como uma das suas missões prioritárias o combate à desinformação, admitindo ser necessária “ação urgente” com vista a “proteger e defender” as eleições europeias de maio.
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