Andrea Bocelli participou esta segunda-feira num debate sobre a crise sanitária em Itália, provocada pela pandemia de Covid-19, organizado por parlamentares de extrema-direita em Roma, onde surpreendeu pelos comentários proferidos, desvalorizando as medidas de prevenção e situação pandémica no país.
O tenor italiano, que em maio revelou ao jornal Corriere della Serra que esteve infetado com Covid-19, teceu duras críticas ao Governo, afirmando que a pandemia não era tão grave quanto os políticos pretendiam fazer parecer. Sublinhando que não conhecia ninguém que tivesse ido para os cuidados intensivos devido ao novo coronavírus, Bocelli perguntou: "Para que serviu todo este alarme?".
Num dos países mais afetados pela Covid-19, com mais de 245 mil casos identificados e mais de 35 mil óbitos registados, aquele que é um dos maiores símbolos nacionais disse que se sentiu "humilhado e ofendido" pelas restrições impostas. “Não podia sair de casa, ainda que não tivesse cometido nenhum crime”, disse.
O cantor lírico de 61 anos confessou ainda ter desobedecido às regras. “Não achei que estivesse certo ou que fosse saudável ficar em casa com a minha idade.”
Se na Páscoa, Bocelli era visto como um símbolo de unidade, depois de ter cantado, sozinho, na catedral vazia Duomo di Milano na Páscoa, durante o período de confinamento, agora é um figura controversa, depois de, na conferência, ter incentivado a população a desobedecer às medidas: “Vamo-nos recusar a obedecer a esta regra. Vamos ler livros, andar por aí, conhecermo-nos, falar”.
As críticas não demoraram a chegar, vindas de vários quadrantes da sociedade italiana, inclusive da Unidade de Doenças Infecciosas do Hospital Luigi Sacco, em Milão, a partir de onde Massimo Galli, diretor do estabelecimento, disse à agência de notícias italiana ANSA que a referida conferência projectava uma mensagem “inadequada” e “perigosa”, “sem qualquer base científica”.
O tenor já veio a público dizer que as suas palavras foram mal interpretadas e que não é um "negacionista", ao mesmo tempo que lembrou que a sua fundação ajudou várias pessoas infetadas com o novo coronavírus e que o próprio chegou a doar plasma para uma investigação sobre tratamentos para a Covid-19.
Em 2021, em junho, Andrea Bocelli vai regressar a Portugal para um concerto com Mariza no Estádio Municipal de Coimbra.
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