A urna que transporta os restos mortais de José Eduardo dos Santos já saiu do Palácio do Miramar, residência familiar do ex-presidente pelas 08:30.
A urna, que está coberta pela bandeira de Angola, foi transportada para o carro funerário por militares. O momento foi acompanhado por várias pessoas próximas, incluindo a antiga primeira-dama Ana Paula dos Santos.
A encabeçar o cortejo fúnebre, que segue percorreu várias ruas de Luanda em direcção à Praça da República, um coro de mulheres gritava "Angola chora a morte de Zédu".
Ao longo do percurso, as pessoas iam se juntando em pequenos grupos, ouviram-se alguns aplausos, alguns prantos e acenos com lenços em sinal de despedida.
A grande concentração de populares aconteceu já na reta final do cortejo fúnebre do antigo presidente de Angola, que foi acompanhado de grande aparato policial e militar.
Já perto do memorial ouviram-se cânticos e algumas mulheres que se despediam, alguns dos que se juntaram seriam curiosos e turistas, muitos querendo registar o momento em vídeo e fotografias.
O corpo chegou ao memorial pelas 10:00, estando a urna colocada numa tenda onde se encontra rodeada de coroas de flores e encimada por uma fotografia de José Eduardo dos Santos.
Na tenda encontram-se já diversas individualidades, entre vários membros do executivo angolano e responsáveis do MPLA.
Do lado de fora da tenda, instalada num enorme recinto designado como Praça da República, concentram-se também já bastantes populares que vão homenagear José Eduardo dos Santos.
Na entrada das Forças Armadas um grupo coral entoa um cântico que diz: "as Forças Armadas choram".
A Praça da República, onde se encontra o monumento fúnebre do primeiro presidente angolano, no Memorial António Agostinho Neto, foi novamente escolhida para as cerimónias, depois de ter acolhido um velório público sem corpo logo após a morte de José Eduardo dos Santos, durante um luto nacional de sete dias.
No domingo haverá honras militares num programa que inclui música lírica, leitura de mensagens do estado angolano e da família, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), da Fundação José Eduardo Santos e leitura do elogio fúnebre, bem como um culto ecuménico, acompanhado de grupos corais.
Após um momento de saudação e deposição de coroa de flores por parte do presidente da República, segue-se a saída da urna com honras militares e início do cortejo fúnebre para o jazigo onde haverá uma cerimónia restrita, com representantes de governos estrangeiros.
Entre os convidados estão 21 delegações de alto nível, incluindo os presidentes de Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, República Democrática do Congo, República do Congo, Zimbabué e África do Sul, bem como representantes de Ruanda, Guiné Equatorial, Gabão, Namíbia, Timor-Leste e Zâmbia.
Serão ainda ouvidas 21 salvas de canhões, realizando-se um sobrevoo honorífico de aeronaves e manobras da Marinha angolana na baía da Chicala, sendo as cerimónias concluídas com a deposição da urna no jazigo com uma oração.
O corpo de José Eduardo dos Santos, que governou Angola de 1979 a 2017, chegou a Luanda no sábado passado, depois das autoridades judiciais decidirem entregar a guarda do corpo à viúva e mãe de três dos seus oito filhos, Ana Paula dos Santos.
O antigo chefe de Estado morreu em 8 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos, mas as exéquias só agora se vão realizar devido à disputa sobre a custódia do corpo entre duas fações da família de Eduardo dos Santos — a viúva e os três filhos mais novos, apoiados pelo regime angolano, contra os cinco filhos mais velhos.
Marcelo já está em Luanda
O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou hoje comentar as queixas da oposição sobre as eleições de Angola e disse que está em Luanda para prestar homenagem ao ex-presidente José Eduardo dos Santos, mas terá uma agenda bilateral “muito intensa”.
Confrontado com a possibilidade de os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ajudarem nesse processo, Marcelo Rebelo de Sousa limitou-se a dizer aos jornalistas, à chegada ao hotel em Luanda, que essa “é uma realidade que ainda não existiu, não vale a pena antecipar”.
Em Angola, “está em curso o processo eleitoral” e, “por maioria de razão não farei” comentários, disse Marcelo Rebelo de Sousa, não esclarecendo se irá reunir-se com o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior.
Sobre o dia das eleições angolanas, o chefe de Estado português elogiou a “tranquilidade do ato eleitoral em termos do que deve ser um momento de vivência normal democrática”.
O presidente português confirmou que irá ter “um programa muito intenso” hoje de reuniões com os homólogos de São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, países da CPLP que estão representados ao mais alto nível nas cerimónias fúnebres oficiais de homenagem a José Eduardo dos Santos, no domingo.
[Notícia atualizada às 10h59]
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