"Obviamente que não demito nenhum ministro, obviamente que não demito a ministra da Administração Interna, obviamente que não demito o ministro da Defesa Nacional. Deixe-me dizer-lhe uma outra coisa ainda mais fácil: tudo aquilo que qualquer uma das minhas ministras ou dos meus ministros fizer, será sempre responsabilidade minha", afirmou António Costa.
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, tinha terminado a sua primeira intervenção no debate do estado da Nação pedindo ao chefe do executivo que dissesse "cara a cara": "Vai ou não demitir a sua ministra da Administração Interna? Vai ou não demitir o seu ministro da Defesa Nacional?".
"Se mantiver tudo como está, então, tudo, mas tudo o que acontecer daqui para a frente nestas áreas já não tem qualquer para-raios, tudo lhe será assacado a si diretamente. A sua responsabilidade passa a ser sua e só sua", defendeu a líder centrista.
A resposta do primeiro-ministro utiliza uma expressão do general Humberto Delgado durante a campanha presidencial de 1958, quando questionado sobre o futuro de Salazar se ganhasse a eleição: "Obviamente demito-o!", foi a célebre resposta dada durante uma conferência de imprensa.
O CDS-PP foi o único partido até ao momento a pedir a demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e do ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, justificando o pedido de saída dos governantes com a quebra de confiança com os cidadãos na sequência da tragédia de Pedrogão Grande e do roubo de armamento militar em Tancos.
Na réplica a Assunção Cristas, o primeiro-ministro defendeu ser "absolutamente extraordinário" que a presidente do CDS se tenha convertido a "uma espécie de keynesianismo radical", pela defesa que faz do investimento público, depois de ter integrado um Governo responsável por cortes de 17% na educação e na saúde.
Em matérias de soberania, prosseguiu o contra-ataque do primeiro-ministro, o Governo PSD/CDS-PP "cortou 26% com a Defesa, 4% com segurança e ordem pública e 31% com a Proteção Civil".
"O nosso balanço é de inversão destes cortes", defendeu o primeiro-ministro, que argumentou que "o respeito pelas instituições tem de existir além do debate político" e que "as Forças Armadas não podem ser arma de arremesso político".
[Notícia atualizada às 16:55]
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