A médica pediatra Joana Martins esclareceu ao SAPO24 que quem opta por não se vacinar pode sempre apanhar a doença, exceto nos casos de quem nasceu antes de 1970. "As pessoas que nasceram antes de 1970 tinham contacto com o vírus do sarampo de forma natural e logicamente, geravam uma imunidade duradoura. A imunidade conferida pela doença é frequentemente melhor e mais robusta que a imunidade conferida por uma vacina".
Assim, a médica sublinha que "as vacinas garantem uma proteção imunitária, mas que, infelizmente, pode não durar a vida inteira. O caso mais evidente é a vacina do tétano, que requer inoculações sucessivas a cada 20 anos. Os casos em pessoas que contraíram Sarampo com duas doses de vacina pode significar apenas e só um desvanecimento progressivo da imunidade vacinal", garante.
Por esse motivo, "se a cobertura vacinal na população não for forte e resistente, pessoas que nunca teriam conhecimento que a sua imunidade desapareceu com o tempo estão expostas ao risco de desenvolver a doença".
No que diz respeito a crianças que são aconselhadas pelo Programa Nacional de Vacinação a serem vacinadas duas vezes contra o Sarampo, aos 12 meses e 5 anos, o mais provável, ao ter uma imunidade ainda residual, é desenvolver um quadro clínico mais ligeiro, garante a médica.
De acordo com o boletim, com dados atualizados a domingo, Portugal registou mais um caso de sarampo (na região de Lisboa e Vale do Tejo) face à semana precedente, totalizado 30 desde 1 de janeiro.
Lisboa e Vale do Tejo lidera a lista de regiões com casos confirmados (16), seguindo-se Norte (9), Centro (4) e Madeira (1).
Mais de metade dos casos confirmados (16) não evidenciavam vacinação contra o sarampo, com quatro deles a corresponderem a pessoas entre os 30 e os 39 anos, seis a crianças entre 1 e 4 anos e adolescentes dos 10 aos 19 anos e dois a bebés com menos de 1 ano.
Os 12 casos de sarampo com duas doses de vacina registaram-se nas faixas etárias dos 20-29 anos (5), 30-39 anos (4), 10-19 anos (2) e 40-49 anos (1).
Com uma dose de vacina a DGS assinala dois casos de sarampo na faixa etária dos 20-29 anos.
Ao todo, Portugal notificou 207 casos de sarampo (mais 11 relativamente à semana precedente).
Recorde-se que em Portugal, a vacinação contra o sarampo é recomendada em duas doses para menores de 18 anos (a serem administradas quando a criança completa 1 e 5 anos) e profissionais de saúde (independentemente do ano de nascimento).
Para os adultos nascidos em ou depois de 1970 é aconselhada uma dose. Os nascidos antes de 1970 têm proteção natural contra o sarampo.
A vacinação é a principal medida de prevenção do sarampo. A vacina é gratuita e está disponível para todas as pessoas a nível nacional.
Como saber se se está contagiado?
Segundo a DGS o Sarampo manifesta-se no início com febre e mal-estar, seguido de corrimento nasal, conjuntivite e tosse.
De seguida e nalgumas situações podem surgir pontos brancos no interior da bochecha, cerca de 1 a 2 dias antes do aparecimento da erupção cutânea.
O aparecimento da erupção cutânea (“manchas” que se iniciam na face e que depois se espalham para o tronco e para os membros), pode causar febre alta e estado de extremo cansaço físico e psíquico.
O contágio pode ocorrer desde 4 dias antes e até 4 dias após o início da erupção cutânea. O período de contágio pode ser mais prolongado nos doentes imunocomprometidos.
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