Na sua homilia, na eucaristia de domingo de Páscoa, na Igreja de São Francisco, o arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, expressou gratidão para com “aqueles que, no setor da saúde”, dedicam “o melhor de si”.
“É grande a alma portuguesa que, neste momento, revela a sua heroicidade em todos os médicos, enfermeiros, paramédicos, funcionários de hospitais, serviços de saúde, socorristas, todos aqueles que conduzem as ambulâncias que atravessam as nossas estradas e encurtam distâncias [neste] vasto Alentejo e Ribatejo”, disse.
O arcebispo aludiu também à “heroicidade das forças de segurança” que ajudam a população “a permanecer em casa, na preocupação do cumprimento dos cuidados próprios induzidos pelas normas de sanidade”, para evitar a propagação e contágio da covid-19.
“Muito e muito obrigado, em nosso nome e em nome de todas as famílias cristãs que celebram connosco, não comunitariamente em presença física, mas comunitariamente em comunhão espiritual”, afirmou Francisco Senra Coelho, numa homilia sem fiéis, mas transmitida em direto através da Internet, nas redes sociais.
Por isso, destacou, em casa de cada crente, “transformada em igreja doméstica”, é que se celebra “uma Páscoa com a vida que vence a covid-19″.
Após a eucaristia, Francisco Senra Coelho subiu ao ponto mais alto do terraço da Igreja de São Francisco para abençoar a cidade e a arquidiocese.
Com as ruas e a praça, cá em baixo, vazias, apesar de uma ou outra pessoa ter aparecido nos terraços das suas casas, o arcebispo realizou “a Bênção do Santíssimo Sacramento, Cristo Ressuscitado, à cidade de Évora e a toda a arquidiocese”.
“Não estamos nem sozinhos, nem abandonados, nem a viver uma maldição, nem a viver um castigo. O Deus bom da eucaristia está a abençoar cada pessoa, para que cada pessoa se sinta amada e jamais rejeitada”, disse à agência Lusa, no final.
O arcebispo sublinhou também que Portugal já sabia que contava com “um excelente corpo médico” e de enfermagem, assim como “excelentes funcionários nos hospitais”, mas agora sabe mais.
“Quando vemos pessoas com as caras marcadas, pisadas, de estar horas e horas com as máscaras, a fazer horários tipo ‘espelho’, 12 horas de trabalho, 12 horas de descanso e, muitas vezes, o dia todo e 24 horas e mais, percebemos que isto é de uma generosidade heroica, é de condecoração, é de uma beleza que transcende e é para nós edificante”, disse.
O mesmo se passa, acrescentou, com os bombeiros, pessoal do INEM e “todos os serviços de socorro”, que põem “em risco a própria vida”.
“Não gosto de entrar em ambientes polémicos e com dividendos políticos para algumas margens partidárias, mas sabemos todos que houve falta de equipamento. Houve muita falta de equipamento nos bombeiros [e] muita falta de equipamento a tempo e horas em serviços de assistência”, argumentou, explicando que foi constatação sua: “O arcebispo de Évora anda por aí na diocese, ouve, escuta e vê. E houve gente que pôs a sua vida em risco”.
A arquidiocese transmitiu todas as celebrações religiosas do período da Páscoa em direto através das redes sociais, sem a presença de fiéis, devido à pandemia da covid-19.
Segundo o arcebispo, “os números foram muito consoladores”, chegando “aos vários milhares”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 109 mil mortos e infetou quase 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Dos casos de infeção, quase 360 mil são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 504 mortos, mais 34 do que no sábado (+7,2%), e 16.585 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 598 em relação a sexta-feira (+3,7%).
No Alentejo, há 139 casos registados, sem qualquer vítima mortal.
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