Pela segunda vez, um grupo de crianças portuguesas, com 9 e 10 anos, participaram neste estudo internacional que se realiza de cinco em cinco anos para avaliar as capacidades de leitura em papel (PIRLS) e de leitura online (ePIRLS).
Em Portugal, 4.558 alunos de 218 escolas (91,3% públicas e 18% privadas) realizaram as provas e, numa escala de mil pontos, os portugueses conseguiram 528 pontos, colocando o país em 30.º lugar de uma lista de 50 países encimada pela Rússia (581 pontos), Singapura (576) e Hong Kong (569).
“Portugal teve uma descida significativa de 13 pontos” em relação aos resultados das provas realizadas em 2011, afirmou Helder Sousa, presidente do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), salientando o facto de a performance das raparigas ter piorado.
Em 2011, as raparigas tinham-se destacado positivamente dos rapazes, mas nas provas do ano passado ficaram todos muito próximos, não se registando diferenças de género nas pontuações médias, com elas a obter apenas mais um ponto percentual do que eles.
“Estes resultados não nos agradam. Há uma descida clara dos resultados dos alunos”, sublinhou o secretário de Estado da Educação, João Costa, durante a apresentação do estudo em que participaram 50 países e 11 outros participantes, num total de 319 mil alunos de 11 mil escolas.
Em Portugal, estas provas foram realizadas entre fevereiro e março do ano passado, ou seja, dois meses após a atual equipa ministerial ter chegado ao Governo.
Outro dos pontos curiosos do estudo é o gosto pela leitura: as crianças portuguesas surgem como as que mais gostam de ler.
“Mas depois não conseguem ler”, lamenta o secretário de Estado, sublinhando que é preciso um trabalho que consiga contrariar esta curva descendente.
No que toca à literacia online (ePIRLS), Portugal fica seis pontos abaixo dos resultados obtidos no PIRLS: os alunos portugueses obtiveram 522 pontos, ocupando a 12.º posição.
“Os resultados não nos surpreendem completamente”, sublinhou o secretário de estado, explicando que, desde a tomada de posse, têm contactado regularmente diretores escolares e professores que “reportaram a preocupação com o que se estava a passar no 1.º ciclo: uma excessiva preocupação com resultados e produtos e baixa preocupação com os processos”.
Segundo João Costa, os resultados hoje divulgados “confirmam algumas previsões de várias entidades que tinham identificado algumas políticas educativas”, como o “fechamento das leituras”.
Em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de apresentação dos PILRS, que decorreu numa escola secundária de Lisboa, João Costa sublinhou que esta identificação dos problemas “não implica uma revogação ou alteração” das metas curriculares, mas sim uma consolidação de algumas medidas iniciadas no ano passado, como “a introdução das provas de aferição mais cedo para não ter de esperar pelo 4.º ano”.
Também presentes nesta sessão estavam a Comissária do Plano Nacional de Leitura, Teresa Calçada, a antiga ministra da Educação Isabel Alçada, o responsável do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, José Verdasca, assim como representantes das associações de professores de Português.
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