António Costa: "Eunice Muñoz marcou de forma definitiva o teatro português"

Diogo Infante: "Verdadeiramente a Eunice não partiu, porque é eterna. O seu lugar há muito que está reservado nos anais da história. A maior atriz Portuguesa de todos os tempos!"

Santos Silva: “Deixou-nos há pouco Eunice Muñoz, a inigualável senhora dos palcos portugueses

“Deixou-nos há pouco Eunice Muñoz, a inigualável senhora dos palcos portugueses. Sem ela, a nossa cultura teria sido mais pobre. Honremos a sua memória, continuando a celebrar o teatro”, escreveu o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, numa mensagem que publicou na sua conta na rede social Twitter.

Ministro da Cultura destaca "enorme aplauso" dos portuguesas à atriz

"Neste momento devemos-lhe o mesmo aplauso que sempre lhe oferecemos, um aplauso de certa forma eterno", declarou o ministro à agência Lusa, comentando a morte hoje da atriz, aos 93 anos.

"Foi um privilégio para Portugal e para os portugueses ter uma atriz como Eunice Muñoz. Tinha um talento quase natural e um dom único para a representação e, por isso mesmo, para nós todos, a vida da

Eunice Muñoz confunde-se com os palcos e com o teatro, é uma espécie de relação íntima que todos fomos desenvolvendo com a mulher doce e afável", disse o governante.

Pedro Adão e Silva destacou o facto de, para os portugueses, Eunice Muñoz ser "uma verdadeira senhora do teatro" e considerou como um facto poder-se reconhecer neste momento que, "felizmente, todo o país, de formas distintas", soube reconhecer a atriz em vida.

O ministro destacou também a carreira longa e de enorme proximidade e de intimidade da atriz: "É como se todos a conhecessem e talvez essa seja também uma marca distintiva. Não é só o dom que tinha de facto e o talento como atriz, é também essa proximidade e essa intimidade".

Essa intimidade, explicou o governante, tem a ver com o facto de a carreira ter sido "muito longa e muito versátil", com grande presença nos palcos e também na televisão, criando uma relação próxima com os portugueses.

"Era como se todos a conhecessem. E é também isso que lhe deu sempre um enorme aplauso em vida e que neste momento cria também esta consternação e a continuação desse aplauso", concluiu o ministro da Cultura.

Tiago Rodrigues, diretor do Festival d'Avignon e antigo diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II: "Eunice é sinónimo de teatro. Muitas vezes lhe disse que achava que deviam mudar os dicionários. Ela ria, generosa, jovem, sempre a mais jovem de todos nós"

Carlos Moedas: "Eunice Muñoz foi a expressão de como um talento prodigioso pode estar aliado à maior simplicidade como ser humano numa dádiva constante ao teatro e à cultura portuguesa"

Num nota de pesar enviada através da Câmara Municipal de Lisboa, o autarca da capital, "representando o sentimento comum a todos os lisboetas", presta "homenagem a Eunice Muñoz, uma excecional atriz a quem todos muito devemos".

"Nos 80 anos da sua longa vida dedicados à representação, Eunice Muñoz foi a expressão de como um talento prodigioso pode estar aliado à maior simplicidade como ser humano numa dádiva constante ao teatro e à cultura portuguesa", sublinha.

Rui Rio: "Um dos principais símbolos do teatro português e uma mulher que eu muito admirava"

Catarina Martins: Eunice Muñoz "tocou todas as gerações ao longo de toda a sua carreira"

Rui Tavares: "Eunice Muñoz marcou-me pela força da sua representação, pelo grito contra a guerra e pela resistência"

Paulo Cafôfo, secretário de Estado das Comunidades: "Deixou-nos uma diva"

Nuno Markl: "Das lendas mais gentis e humanas deste país"

Francisco Rodrigues dos Santos: "A Dama do teatro despediu-se hoje do palco da vida"

Grupo Media Capital manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de um "nome maior da representação em Portugal"

Num comunicado, enviado às redações a "Media Capital manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de Eunice Muñoz, nome maior da representação em Portugal".

"Fez teatro, cinema e televisão, trabalhou com centenas de profissionais do espetáculo e marcou milhares de espectadores com o seu talento, entrega e amor à arte. Dedicou 80 dos seus 93 anos de vida à representação e 21 deles foram passados na TVI", relembra a nota.

Eunice Muñoz estreou-se na estação em 1999, como protagonista da novela “Todo o Tempo do Mundo”. Seguiram-se projetos como “Olhos de Água”, “Equador”, “Mar de Paixão”, “Destinos Cruzados”, “A Impostora” e “Quer o Destino”, já em 2020. No início deste ano, Eunice Muñoz ainda fez uma participação especial em “Festa é Festa”, ao lado de Maria do Céu Guerra.

"A notícia da morte de Eunice Muñoz foi recebida com profunda tristeza e consternação na Media Capital. A experiência e a sabedoria da atriz enriqueceram as produções nas quais participou e a sua alegria e generosidade marcaram todos aqueles que com ela se relacionaram",  lê-se.

"O Grupo, o seu Conselho de Administração e os seus colaboradores endereçam as mais sentidas condolências à família e amigos de Eunice Muñoz. O seu legado artístico fará parte da história e do futuro da cultura do nosso país e a sua memória permanecerá para sempre neste grupo de media".

Encenador Carlos Avilez: Trabalhar com Eunice Muñoz foi das “coisas mais bonitas”

“É muito complicado para mim falar sobre ela porque era uma grande amiga, uma enorme atriz, uma mulher extraordinária e um exemplo”, disse à Lusa.

Carlos Avilez, que a dirigiu em muitas peças emblemáticas, tanto no TEC como no D. Maria II, de que também foi diretor artístico, assumiu que trabalhar com Eunice Muñoz foi das “coisas mais bonitas”.

Por exemplo, no TEC, em 1972, Avilez dirigiu-a em peças como "As Criadas", de Jean Genet, cujo assistente de encenação foi Filipe La Féria.

Foi também na companhia de Avilez que fez uma digressão por África com peças como "Fedra", de Jean Racine, ou "A Maluquinha de Arroios", de André Brun.

Dizendo que quando se fala em teatro se fala em Eunice Muñoz, o encenador classificou-a como o “próprio do teatro”, assumindo ter por ela uma “grande admiração e enorme amizade”.

“Portanto, o teatro está de luto. Acho bonito que o Governo tenha decretado luto nacional porque ela merece”, referiu.

Falando num dia “muito triste”, o diretor artístico do TEC considerou que a cultura “está de luto” porque Eunice era uma “mulher, de facto, muito especial”.

Encenador João Mota: "Além do talento que aquela mulher tinha é a ternura, a alma que ela tinha”

“Morreu a Eunice. Pronto. A importância grande é que perdemos a Eunice. Vai além da cultura. A gente vê só o lado de atriz, mas além do talento que aquela mulher tinha é a ternura, a alma que ela tinha”, reagiu o encenador à morte de Eunice Muñoz, em declarações à Lusa.

Para João Mota, “a Eunice era mais do que tudo, era uma luz, uma pessoa genial, há poucas pessoas assim na vida artística, que cheguem a esse lado onde ela chegou”.

“Ela entrava em cena e era de uma autenticidade e de uma transparência que ultrapassava tudo. Ela estava calada durante 10 minutos e a gente não conseguia atirar os olhos dela, ela não fazia caretas, nada. Eram só os olhos”, descreveu.

Teatro Nacional D. Maria II: "O seu nome ecoa em cada espaço"

Filipe La Feria: "A atriz do instinto genial" que "leva consigo muito da nossa vida"

Eunice Muñoz entregou "o seu instinto genial" e "incomparável talento" a atores e público, levando assim, com ela, "muito da nossa vida", disse o encenador Filipe La Féria, numa reação à morte da atriz, enviada à agência Lusa.

"Hoje o pano de boca do Teatro desceu e as luzes apagaram-se. Fedra, Sarah Bernhardt, a Mãe Coragem, a Dama das Camélias agradeceram os aplausos e desapareceram no labirinto dos corredores dos camarins", escreve Filipe La Féria, numa mensagem de reação, enumerando algumas das suas mais importantes personagens, interpretadas em 80 anos de carreira.

"Muito da nossa vida Eunice levou com ela. A todos os atores e ao público de várias gerações, deixou o seu instinto genial, a sua alma e o seu incomparável talento. Ela leva consigo muito dos mais belos e emocionantes momentos das nossas vidas. Os seus olhos de deusa, a sua voz, o seu tão doce coração, o seu talento de fogo, a inteligência e sensibilidade de grande atriz", escreve o encenador que a dirigiu em "Passa por mim no Rossio", em 1991.

"Eunice nasceu de uma família de atores que deambulavam de terra em terra, num teatro desmontável pelas aldeias e vilas do Alentejo. Quando via o seu avô representar personagens dramáticas, a pequena Eunice assustava-se e fugia pelos campos. A sua mãe, Mimi Muñoz, tinha a sua Companhia de Teatro [Troupe Carmo], que já vinha dos seus avós", recorda hoje La Féria.

O encenador acrescenta que "Eunice nasceu no palco e o palco seria o seu irrevogável destino”.

“A ele deu inteira a sua vida, a alma, o corpo, sempre arriscando e renovando-se em casa personagem que criava. Eunice tinha dentro de si vários heterónimos e uma sensibilidade que a fazia compreender os mistérios insondáveis do ser humano", refere.

La Féria despede-se da amiga com um “obrigado” e um “até já”, descrevendo-a como "alegre, cómica, triste, filha ideal da Tragédia” - Eunice Muñoz, diz, “guardava no seu grande coração a estrela imortal do Teatro".

Pedro Penin, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II: Um "alicerce do teatro português" e "para sempre, alicerce do teatro português"

"Em 1993, tinha eu 18 anos, ouvi a voz da Eunice no palco do antigo Teatro Aberto. Estava sentado na plateia a assistir a um espetáculo extraordinário, 'O Tempo e o Quarto', de Botho Strauss, dirigido por João Lourenço. No centro de cena, marcando o cenário, como que sustentando todo o teatro, estava uma coluna. De dentro dessa coluna, saía a voz da Eunice", recorda Pedro Penim, numa declaração publicada na sua página no Facebook, reconhecendo na atriz a capacidade de alicerçar o próprio teatro em Portugal.

"Na minha cabeça esta imagem nunca mais se iria descolar de como olho para Eunice. E foi na primeira coisa que pensei quando hoje acordei com a tristíssima notícia do seu desaparecimento".

"Eunice é de facto a coluna, sustentáculo de uma carga estrutural imensa e maravilhosa que é o teatro português, parecendo ora demasiado esbelta no seu prumo para tanto peso, ora robustíssima e capaz de ser base, fuste e capitel desta herança", escreve Penim.

O diretor artístico do Teatro D. Maria II recorda ainda como a atriz se estreou nesta sala, aos 13 anos, no dia 28 de novembro de 1941, na peça "Vendaval", de Virgínia Vitorino. "Em novembro passado, 80 anos depois dessa data, tivemos o privilégio de voltar a recebê-la e homenageá-la".

"Era sempre especial para o teatro receber a Dona Eunice, esperar que ocupasse o seu camarim. Foi lá que a vi pela última vez, feliz, recebendo os seus convidados, sorrindo para todos, confortando-nos com a sua existência basilar", lembra Pedro Penim.

"Quando Eunice vinha ao Dona Maria, havia um rumor jubilante no ar, os trabalhadores estremeciam, o teatro zunia, os dourados trepidavam. Porque Eunice é a coluna. Para sempre alicerce do teatro português, para sempre eixo da nossa história contemporânea", concluiu.

Inês Sousa Real, porta-voz do PAN: "Incontornável"

“Além da marca incontornável que deixa na representação, Eunice Muňoz juntou a sua voz aos que defendem a abolição da tauromaquia e a proteção dos animais”, escreveu Inês Sousa Real na rede social Twitter.

Endereçando os pêsames à família e amigos da atriz, a porta-voz do PAN sublinhou que o “teatro e o país ficam mais pobres com a sua partida”.