José Festas, presidente da associação, afirmou que "a situação é muito grave" e denunciou que nos últimos dias "foi por pouco que não aconteceu um acidente" no local, pedindo "ajuda" ao Governo para resolver a situação.
Referindo que ainda hoje o primeiro-ministro esteve reunido com outros governantes “para que não morra ninguém com o coronavírus”, Festas criticou o Governo não ter “a mesma postura com os pescadores, para que também não morra ninguém no mar”.
O líder da APMSHM partilhou que dentro do porto de pesca da Póvoa de Varzim, no distrito do Porto, existe "um banco de areia com mais dois metros da superfície", que desde domingo que "todos os barcos que entraram no porto correram riscos".
"Além de ser uma vergonha o bote salva-vidas não estar na barra, quando tentamos entrar no porto, muitas vezes com mau tempo corremos risco de morrer. Nestes primeiros três meses do ano temos embarcações que só saíram por três vezes por falta de condições. Muitos têm muito medo quando têm de arriscar", partilhou o dirigente.
José Festas disse que a profundidade mínima de segurança na barra da Póvoa de Varzim devia ser de pelo menos três metros, mas lembrou que nos últimos tempos "a média ronda os 2,25 metros e, por vezes, desce para 1,9", considerando que as últimas dragagens que foram feitas no local "não resolveram nada".
"Deitaram dinheiro fora, não resolveram nada. A única dragagem digna aconteceu em 2009. Em 2015 o Governo fez uma lei que obrigava a que, pelo menos o porto da Póvoa de Varzim, tinha de ser dragado uma vez por ano, mas isso ficou na gaveta. Em 2019 veio a ministra do Mar anunciar dragagens, num plano de três anos, mas até agora nada foi feito", garantiu o presidente da associação.
José Festas estima que na infraestrutura portuária poveira seja preciso dragar "200 mil metros cúbicos de areia no interior, e pelo menos 350 mil na zona da barra", e avançou com soluções para combater este problema de acumulação de areias.
"Era necessário uma grande obra para prolongar o molhe sul, ou então termos uma draga em permanência no porto da Póvoa de Varzim. Em nove anos gastaram 6,5 milhões de euros em intervenções neste porto mas não resolveu. Apresentamos um projeto para em 10 anos gastar 3 milhões e dragar todos os dias", partilhou.
O presidente da Associação Pró Maior Segurança dos Homens do Mar referiu que não é só na Póvoa de Varzim que persiste o problema do assoreamento, alertando para casos "também muito graves" nos portos de Vila do Conde, Esposende, Vila Praia de Âncora, Caminha e Figueira da Foz.
Em março de 2019, a então Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, anunciou na Póvoa de Varzim um estudo para implementar um plano de dragagens aprofundado no porto de pesca local.
“Está a ser preparado um procedimento para realizarmos um estudo de fundo, topográfico e hidrográfico, para se saber, exatamente qual o panorama de toda área de influência das marés neste local", afirmou, então, a governante.
Com este estudo, a responsável pela pasta das pescas referia acreditar que "em vez de se fazer procedimentos anuais com dragagens, será possível executar um procedimento que sirva para três anos, fazendo face a todos os problemas operacionais do porto".
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