A parceria entre a associação e o festival - que abre portas hoje - reflete-se este ano na programação do Auditório Agostinho da Silva, que vai receber trabalhos de artes performativas.
Mas é com a dança que a Materiais Diversos se inicia em Tomar, com dois espetáculos de dança agendados para hoje e sábado.
O primeiro intitula-se "Sacro", é da autoria de Sara Anjo e pretende explorar "o mecanismo de caminhar e do movimento respiratório no corpo humano”, divulga a associação em comunicado. O foco é a forma como se caminha e se avança e recua "hoje em dia e nas relações que o corpo humano espelha com os seus antepassados e que fabulações ou projeções [faz] com o futuro”, refere o mesmo documento.
Já o segundo momento define-se "Um [unimal]” e consiste num solo desenvolvido a partir da ideia de “sobrevivência e que se materializa através da fisicalidade da marcha”, explica a sinopse do espetáculo de Cristina Planas Leitão.
Nesta edição, o destaque vai para a apresentação dos dois projetos vencedores da bolsa "Filhos do meio" que tem o propósito de "apoiar e incentivar a criação artística no distrito [de Santarém]", revela a diretora de produção da associação, Teresa Miguel.
Num total de 12 projetos candidatos à bolsa, a Materiais Diversos selecionou os trabalhos “Classe do Jaime”, de Susana Domingos Gaspar, e “Senso”, do Coletivo 249, com estreia marcada para domingo no Bons Sons.
"Classe do Jaime" resulta “do cruzamento entre a dança folclórica e a dança contemporânea”, explicou Teresa Miguel, sublinhando a vertente local do projeto em que dois bailarinos “vão ao encontro de grupos de dança folclórica da região das Serras d’Aire e Candeeiros e propõem um método para aprendizagem do vocabulário tradicional”.
Já o projeto “Senso”, resulta da prospeção cultural realizada pelo Coletivo 249, constituído por jovens emergentes no campo das artes plásticas, gráficas, audiovisuais e performativas.
Depois de várias entrevistas realizadas em Torres Novas e de uma residência artística em Alcanena (ambas no distrito de Santarém) o coletivo criou uma instalação artística que estará patente no Bons Sons para “fomentar a reflexão sobre a cultura dos territórios”, disse ainda.
A programação da Materiais Diversos encerra no domingo, último dia do festival, com a mesa-redonda “Filhos do Meio — Os Lugares e os / dos Artistas”, que pretende dar a conhecer os projetos e artistas Filhos do Meio, “procurando compreender a importância desta bolsa nos seus percursos profissionais e pessoais, mas também refletir sobre a importância da prática artística na vida dos lugares”, divulgou a associação.
A Materiais Diversos é uma associação cultural sem fins lucrativos que incentiva a investigação e experimentação artísticas, pioneira na promoção do acesso à criação e descentralização artística, que desde 2009 leva a populações e palcos fora dos grandes centros urbanos projetos na área da dança - com enfoque para a dança contemporânea -, teatro e música, assinados por criadores jovens e consagrados, nacionais e estrangeiros.
Estes trabalhos vão estar visíveis no Festival Bons Sons, na aldeia de Cem Soldos, em Tomar, que vai receber, até domingo, meia centena de concertos e um festival de curtas-metragens oriundas de países de língua oficial portuguesa.
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