"Quero que saibam que sinto muito pelo sofrimento que vos causei", afirmou o artista, de 79 anos, num comunicado enviado pelos seus representantes e divulgado na Espanha pela agência Europa Press.
A declaração representa uma reviravolta de 180 graus na postura do tenor, que até agora tinha negado com veemência as acusações.
"Assumo toda a responsabilidade das minhas ações", completa o cantor no texto, no qual afirma que entende que "algumas mulheres podem ter medo de se expressar abertamente, pelo temor de que as suas carreiras sejam afetadas".
O tenor assegura que passou meses "a refletir sobre as acusações que várias colegas apresentaram" contra si e acrescenta: "Respeito que estas mulheres finalmente se tenham sentido à vontade para falar".
O cantor também indica que está "comprometido com promover uma mudança positiva na indústria da ópera, para que ninguém mais tenha que passar por uma experiência assim". Disse ainda ter "o desejo fervoroso" de que o mundo da ópera seja mais "seguro" para todos e que seu exemplo "estimule outros".
O comunicado foi publicado poucas horas depois de um júri em Nova Iorque declarar o ex-produtor de cinema Harvey Weinstein culpado de agressão sexual.
As denúncias contra aquele que foi um dos homens mais poderosos de Hollywood provocaram o movimento contra o assédio e as agressões sexuais #MeToo, que se ampliou por todo o mundo e em vários âmbitos, da política à música.
Plácido Domingo, que na sua longa e prolífica carreira atuou nas óperas mais prestigiosas do mundo, foi acusado por pelo menos 20 mulheres de beijá-las à força, agarrá-las ou acariciá-las, em incidentes que aconteceram, em alguns casos, há 30 anos.
Várias mulheres afirmaram que sofreram pressão do cantor para que tivessem relações sexuais com ele e que, às vezes, este adotava represálias profissionais quando suas insinuações eram rejeitadas.
Após as acusações, Plácido Domingo abandonou em outubro a direção da Ópera de Los Angeles, cargo que ocupava desde 2003.
Também desistiu de se apresentar na Metropolitan Opera de Nova Iorque. A Orquestra da Filadélfia e a Ópera de São Francisco cancelaram as suas apresentações previstas para a temporada, assim como a Ópera de Dallas cancelou um concerto programado para março.
O espanhol, no entanto, seguiu com as suas apresentações em vários países da Europa nos últimos meses.
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