O projeto-lei, que prevê a equivalência dos diplomas de ensino superior privado com os emitidos pelas universidades públicas, debatido desde quarta-feira no parlamento, deverá ser votado na noite de hoje num hemiciclo onde a Nova Democracia (ND, direita, no poder) garante maioria absoluta.
Provenientes de diversas universidades de Atenas e de outras regiões do país, cerca 30.000 pessoas segundo os organizadores (7.000 para a polícia), desfilaram em direção ao parlamento, situado frente à praça Syntagma, ao som de palavras de ordem como “Não à educação para uma minoria e uma elite, educação gratuita para todos!”.
Os incidentes registaram-se quando uma parte do cortejo chegou ao parlamento, com a polícia de choque a utilizar gás lacrimogéneo e bastões para afastar os manifestantes, indica a agência noticiosa AFP.
Um grupo de jovens lançou ‘cocktails molotov’ contra as forças policiais e incendiou diversos caixotes de lixo.
Pelo menos cinco manifestantes ficaram ligeiramente feridos, segundo a AFP.
Os ‘media’ locais referiram-se a oito feridos e nove detenções durante os incidentes.
Os estudantes protestam há nove semanas contra esta reforma, que na perspetiva do Governo vai atrair ao país “grandes estabelecimentos universitários estrangeiros” que até ao momento hesitam em instalar-se na Grécia.
O Governo conservador assegura que as universidades privadas vão dispor de critérios de funcionamento estritos que garantirão um nível equivalente ao das universidades públicas.
Atualmente, diversos departamentos das universidades privadas instaladas na Grécia estão impedidas de conceder diplomas profissionais, e com os diplomas universitários apenas a serem disponibilizados pelos estabelecimentos públicos.
O primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis disse hoje no parlamento que a reforma permitirá aos estudantes gregos “estudar nas universidades internacionais sem deixar o país”.
“Trata-se de uma etapa que abre novos horizontes à nova geração” e coloca a Grécia “na carta mundial da educação”, sublinhou.
Numerosos professores e estudantes universitários, sobretudo de esquerda, receiam que o ensino superior público seja preterido em favor dos estabelecimentos com objetivos lucrativos, para além de denunciarem o persistente subfinanciamento das universidades públicas.
Alguns dos manifestantes também recearam que o novo projeto implique o encerramento das universidades regionais nas pequenas cidades gregas.
Os opositores à reforma evocam o artigo 16 da Constituição que estipula que “o ensino superior na Grécia é exclusivamente assegurado por entidades do direito público”.
Alguns dos manifestantes também exibiram cartazes proclamando “Justiça e igualdade” por ocasião do Dia internacional dos direitos das mulheres.
Em fevereiro, cerca de 15.000 estudantes já tinham desfilado em Atenas contra esta reforma do Governo conservador grego.
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