“O partido político de extrema-direita Chega convocou uma manifestação” contra o que considera ser “imigração descontrolada e insegurança nas ruas”, pelo que “não podemos deixar que o fascismo descontrolado torne as nossas ruas e as nossas casas, de facto, inseguras”, escrevem as associações, numa carta aberta hoje divulgada.
“Escrevemos esta carta porque nos preocupa a escalada do discurso de ódio, da desinformação e da institucionalização de ambos a que vamos assistindo em Portugal”, referem os subscritores, que incluem movimentos como o SOS Racismo, a rede 8M, associações pró-palestinianas, núcleos antifascistas do Porto, Barcelos ou Guimarães, entre outros.
Os autores do anúncio recordam que já fizeram uma ação semelhante contra a manifestação de abril, convocada pelo movimento de extrema-direita grupo 1143 na cidade do Porto.
“Sabemos que não podemos contar com as instituições, mas contamos contigo e com a nossa força coletiva”, referem os autores, dirigindo-se aos portugueses.
Na carta evocam vários casos de ataques que classificam como xenófobos – os homicídios de Ademir Araújo Moreno ou de Odair Moniz, “os ataques contra mais de uma dezena de imigrantes na madrugada do 3 de maio” no Porto ou a “injusta condenação de Cláudia Simões” – considerando-os “vítimas do projeto político racista e xenófobo produzido pelo Estado português, do qual o grupo 1143 e o partido Chega são apologistas”.
“Sabemos que os relatos que nos chegam ficam muito aquém do aumento exponencial dos crimes de ódio contra as comunidades imigrantes”, ao mesmo tempo que aumentam os discursos políticos sobre a perceção de segurança dos portugueses.
Mas o “fator comum é que os crimes que, de facto, têm aumentado são aqueles cujas vítimas, não os perpetrantes, são imigrantes”, numa “política de ódio defendida pelo Chega, em cumplicidade com o Estado português, que favorece esses crimes”, acusam.
Nesse sentido, o coletivo de associações convocou para o dia 23 a manifestação “Contra o fascismo, somos mais!”, exigindo o regresso da figura da manifestação de interesse, um recurso que permitia a um estrangeiro a regularização a partir de um visto de turista, o “fim imediato da classificação de Zonas Urbanas Sensíveis (ZUS), que servem para justificar o policiamento racista e xenófobo”, bem como a criminalização do racismo, e “não sirva apenas como agravante noutros crimes ou como contra-ordenação”.
“Exigimos um país melhor, onde a igualdade, a liberdade e a justiça não sejam privilégios só de alguns, mas realidades vividas por todas as pessoas”, concluem.
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