Luís Montenegro, o Presidente do PSD, foi atingido com tinta verde, esta manhã, em visita à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) por ativistas do clima.
O jovem autor do ataque foi imediatamente afastado por um agente da PSP e Luis Montenegro reagiu com humor, dizendo: “Estou preparado para tudo”.
Em declarações aos jornalistas momentos depois, o líder social democrata fez questão de dizer que "pontaria não faltou" e "que se a ideia era transmiti-me a preocupação com as alterações climáticas e com as questões da sustentabilidade, era mais fácil conversar".
Já o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, parceiro de coligação do PSD nas listas da AD, que acompanhava Luís Montenegro na visita, considerou tratar-se de um “ato cobarde e infantil”.
Os ativistas do movimento Fim ao Fóssil reivindicaram, entretanto, a ação em comunicado, argumentando que "nenhum partido tem um plano adequado à realidade climática".
O movimento estudantil reivindica o fim aos combustíveis fósseis até 2030 e exige que se pare de usar gás para produzir eletricidade até o próximo ano, utilizando antes 100% eletricidade renovável e gratuita.
"Nenhum programa político prevê como vamos fazer a transição justa nos prazos da ciência. (...) Nenhum partido tem legitimidade para criar governo se continuar a ignorar a maior crise que a humanidade já enfrentou", diz Vicente Magalhães, estudante e porta voz da ação, citado no comunicado.
Sobre o PSD, os estudantes acusam-no de defender "o sistema fóssil que coloca o lucro à frente da vida".
O grupo lembra que as eleições de 10 de março dão mandato até 2028, pelo que o próximo Governo será o último que pode garantir o fim aos fósseis até 2030.
Depois do ataque, os restantes líderes partidários apressaram-se a reagir. A primeira foi Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda (BE), que recorreu à rede social X (antigo Twitter).
"O ataque de hoje ao PSD é um ataque à liberdade na campanha eleitoral e portanto à democracia. Se os autores desta ação alegam uma causa justa, então são os piores defensores dessa causa", disse a Coordenadora do BE.
Também líder do PAN, Inês de Sousa Real, reagiu ao ataque dizendo aos jornalistas que considera que a mudança "só se faz com debate sério e com os jovens e a população a saírem à rua e não a atirar tinta aos políticos".
A porta-voz do PAN lamentou o protesto, mas mostrou-se solidária com a “frustração dos jovens que vão pagar a fatura climática”.
"Não nos podemos esquecer que, no próximo dia 10 de março, há uma força política que está representada no boletim de voto e que luta, precisamente, pelo combate às alterações climáticas, que é o PAN", sublinhou também.
"Ao invés de atirarmos tinta e estarmos a discutir aquilo que é a ação da Climáximo, seria importante estarmos a discutir as políticas ambientais de cada força política. Lamentamos, por isso, que este incidente tenha acontecido. Apesar de discordarmos daquela que é a visão da Aliança Democrática (AD), mas também de quem governa este país, temos de garantir que temos políticas para o futuro e isso só se faz com debate sério e com os jovens e a população a saírem à rua e não a atirar tinta aos políticos", acrescentou.
Rui Rocha da Iniciativa Liberal também condenou este ato na rede social X, sublinhando que "quem usa formas de protesto que possam atentar à integridade física está a legitimar as forças mais extremistas da sociedade, contribuindo para atacar a democracia e a liberdade".
"Inaceitável e contraproducente para as causas que dizem defender", disse ainda.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos também se juntou às condenações e apelou a que não se repita e a que se respeite quem está a defender as suas posições.
"Condeno qualquer protesto em contexto de campanha democrática. Nós temos de saber respeitar, isto é um momento muito importante da nossa democracia. Os partidos estão a fazer legitimamente as suas campanhas, a apresentarem os seus projetos, e nós temos de respeitar, e depois o povo português expressa a sua intenção de voto nas urnas no dia 10 de março", declarou Pedro Nuno Santos.
O líder do Chega, André Ventura, também condenou o ataque no X, destacando que: "O que aconteceu em Lisboa, em que o candidato da AD foi atacado com tinta, é um ato desprezível e de cobardia".
Disse também que o protesto "não ajuda causa nenhuma, não representa de todo os jovens portugueses e merece condenação inequívoca", e expressou "solidariedade" para com Montenegro.
Rui Tavares, do Livre, também se manifestou em Vila Real sobre este tema.
"Em primeiro lugar lamento e desejo que não volte a acontecer, que não aconteça a outros candidatos", disse.
Desejou ainda que a "campanha seja feita sem incidentes, sem nenhum tipo de problemas físicos de nenhum candidato de qualquer partido que seja" e sem "qualquer violação do seu espaço físico ou pessoal".
"Achamos que toda a gente que é ativista de uma causa, que ama a causa pela qual luta tem também a responsabilidade de pensar sempre sobre a adequação entre os fins e os meios, porque quanto mais ama essa causa mais quer que todos os seus concidadãos sejam atraídos para lutar também por ela", terminou.
Também o Presidente da República considerou hoje que os ataques com tinta já perderam a eficácia, sublinhando que a luta climática “é boa” e que a manifestação é um direito que assiste a todos em democracia.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas durante a visita à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), onde, horas antes, o presidente do PSD, Luís Montenegro, foi atingindo com tinta verde por um ativista climático.
“A ideia é uma boa ideia, que é o clima e que todos partilhamos. […] É um bom apelo, é um apelo de jovens, agora eu penso que a partir de determinada altura é uma forma de atuação muito pouco eficaz”, considerou o Presidente da República, ladeado pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a manifestação é um direito que assiste a todos em democracia, mas considerou que esta forma de atuação “francamente, já perdeu eficácia”, por ser repetitiva.
*com Lusa
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